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Economia

Biocombustível: Preços disparam no mercado americano

Apesar do rendimento energético menor, etanol está mais caro que a gasolina nos EUA.

Biocombustível: Preços disparam no mercado americano

O maior mercado de biocombustíveis do mundo está sofrendo com uma restrição da oferta. Os preços nos Estados Unidos para o etanol produzido a partir do milho aumentaram dois terços este ano, para mais de US$ 4 o galão (3,78 litros) em Nova York. O etanol está custando agora mais que a gasolina, apesar de proporcionar aos carros um menor rendimento por quilômetro rodado por galão.

A alta dos preços animou os traders, atraídos pela safra recorde de milho em 2013 e pelos lucros vigorosos das refinarias. A demanda continua firme pelo biocombustível apesar da proposta da Casa Branca de reduzir seu uso no país. As companhias de combustíveis usam o etanol para aumentar a octanagem e melhorar as emissões dos escapamentos dos automóveis.

O governo estima que os motoristas dos EUA vão queimar 134,8 bilhões de galões de gasolina em 2014, sendo que a maior parte dela conterá cerca de 10% de etanol. Os americanos também estão aumentando as exportações. Os embarques chegaram a 86,2 milhões de galões em janeiro, 33% acima de dezembro e o maior volume em mais de dois anos, segundo estatísticas compiladas pela Renewable Fuels Association. O Brasil, o segundo produtor de etanol do mundo, foi o principal destino.

Um inverno rigoroso e a demanda concorrente de negociadores de petróleo bruto também levaram a uma falta de vagões-tanque ferroviários, usados no transporte do etanol das refinarias rurais para as misturadoras nas cidades americanas. “O que está pesando mais é a falta de vagões de carga”, diz Chase Malcolm, um operador da Starfuels que opera com etanol. “O clima também não está ajudando.”

Segundo Stuart Rose, executivo-chefe da Rex American Resources, que tem participações majoritárias em refinarias de etanol em Illinois e Dakota do Sul, “é um problema grave levar os vagões de carga de volta às refinarias”. Ele acrescentou que sua companhia não vem sofrendo tanto quanto as outras.

O etanol para pronta entrega no porto de Nova York foi negociado a US$ 3,98 o galão na quinta-feira, alta de 71% em relação ao início do ano, segundo o Oil Price Information Service. Os compostos misturados ao etanol para a produção de gasolina chegaram a US$ 2,86 o galão em Nova York, alta de 6% no ano.

O etanol contém cerca de 33% a menos de energia do que a gasolina pura. “O preço do etanol está muito elevado no momento”, diz Tom Kloza, analista-chefe da área de petróleo da Opis. “Foi claramente o contrato de energia que mais se movimentou nos últimos cem dias.”

A Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos (EPA) propôs este ano um corte no mandato do etanol de milho pela primeira vez, para 13,01 bilhões de galões, em comparação à exigência de 14,4 bilhões descrita pelo estatuto federal.

A administradora da EPA Gina McCarthy defendeu a proposta em uma audiência no Congresso na quinta-feira, chamando atenção para os “desafios de infraestrutura e a incapacidade a esta altura de se obter os níveis de etanol previstos na lei”. Mas Michael Cosgrove, sócio da Vectra Capital, trading de Nova York, sustenta que, independentemente disso, a demanda vai persistir.

Em termos práticos, o mandato “não tem nada a ver com a quantidade de etanol que será produzido ou consumido. Ainda é preciso misturar um aditivo à gasolina para alcançar a octanagem mínima exigida e a única maneira de fazer isso no momento é misturar etanol”.