O presidente da Bunge no Brasil, Pedro Parente, disse hoje ao ministro da Fazenda, Guido Mantega que o governo federal não compreendeu o “senso de urgência” da crise que assola a produção de etanol no Brasil. Segundo ele, a indefinição das regras sobre os preços da gasolina travou os investimentos na produção do biocombustível.
“O governo fez uma opção em relação ao preço da gasolina. O que eu não sei é se ele tem o senso de urgência do problema, mas gostaríamos que governo recuperasse a prioridade ao etanol”, afirmou Parente, em debate no Exame Forum, em São Paulo.
Segundo o executivo, que também é presidente do conselho deliberativo da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), a manutenção dos preços da gasolina retirou a competitividade do setor e já fez com que 41 usinas sucroalcooleiras, que somam uma capacidade de moagem de 30 milhões de toneladas, paralisassem suas atividades desde 2008. “Perdemos entre 10 a 15 mil empregos”, disse Parente.
Em resposta, o ministro Guido Mantega defendeu a manutenção dos preços da gasolina como uma forma de ajudar o país na batalha pela redução de custos. Além disso, acrescentou ele, o preço do combustível fóssil do Brasil é o mais caro da América Latina. “E por circunstâncias da crise internacional, não é bom que suba muito”.
Para Mantega, os problemas do etanol transcendem a perda de competitividade frente à gasolina. “O fato é que o etanol entrou em crise em 2008 e depois disso vieram safras ruins. Então, não podemos atribuir tudo isso ao preço da gasolina”, justificou o ministro.