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Biocombustível

Colheita de mamona no CE

Começa colheita de mamona no Vale do Jaguaribe (CE). Começa safra da mamona, mas a oferta ainda fica aquém das expectativas da demanda do projeto Biodiesel.

Colheita de mamona no CE

A Petrobras Biocombustível está recebendo as sacarias (embalagens) cheias da safra da mamona neste semestre no Ceará. Produtores do Vale do Jaguaribe colhem desde a semana passada os frutos dessa oleaginosa, que é a principal matéria prima para a elaboração dos chamados biocombustíveis.

Praticamente todos os produtores da região jaguaribana estão com a safra em fase final de colheita. Se por um lado o sentimento é de satisfação pela produtividade, por outro é de expectativa para que até 2012 consiga ter oferta suficiente de manona para atender à demanda. Ainda falta muito, considerando as metas do projeto.

Sacaria – A Petrobras quer investir mais alto, e os produtores que apresentarem fidelidade à parceria (a estatal compra toda a produção) e que atingiram boa produtividade tem mais chances de se manter no programa de compra antecipada. Até o ano que vem, nove mil produtores do Interior terão R$ 10 milhões da Petrobras Combustível para investir no aumento da produtividade em suas terras.

Desde o dia oito de setembro produtores de Jaguaruana e Ererê, Municípios que mais produzem mamona na região jaguaribana, estão colhendo essa oleaginosa e depositando nas sacarias distribuídas pela Petrobras para “envelopar” a produção. Os técnicos do Projeto Biodiesel no Ceará já entraram em campo para avaliar a produção e a distribuição das sacarias.

Essas visitas já têm gerado resultados positivos. Os técnicos encontraram desde propriedades com mínimo de 350 quilos por hectare a terrenos com até 1,2 mil quilos de mamona produzida por hectare. Isso revela uma produtividade três vezes maior que a média 2010-2011, de 394kg.

Baixa produção – A notícia de que se tem conseguido atingir níveis altos de produtividade em meio a uma produção ainda considerada tímida, mesmo se comparada com a de 40 anos atrás, anima produtores e técnicos do projeto Biodiesel. Um dos desafios do programa no Ceará é combater a ociosidade que pode ser gerada pela oferta muito além da demanda para a produção de biocombustível a partir da mamona.

O programa de produção de biodiesel no Estado foi implantado há quatro anos. O governo do Estado investiu R$ 19 milhões na atividade, mas amarga a produtividade ainda menor que a década de 70. E antes da rentabilidade financeira, outro desafio se apresenta: a promoção social do agricultor familiar nos Municípios.

Para técnicos da Secretaria do Desenvolvimento Agrário (SDA), a grande produção por meio de vários pequenos produtores é o que se poderia chamar, de fato, de desenvolvimento agrário. O desafio do aumento da produtividade de mamona no Ceará é que se possa chegar a níveis que supere o próprio custo da produção – por enquanto, a média monetária é de R$ 520 por hectare, quase o que gasta para produzir.

Seca – No ano de 2009 foram plantados mais de 31 mil hectares de oleaginosas (mamona e girassol), com produção próxima de 13 mil toneladas. De acordo com a SDA, 19 mil famílias foram beneficiadas. Ainda conforme a secretaria, as plantações de 2010 foram prejudicadas pela seca. Para este ano, a previsão é de 53 mil toneladas (mamona e outras) em cerca de 79 mil hectares.

Essa meta já começa e ser perseguida com os primeiros números de colheita na região jaguaribana. Somente nos Municípios de Jaguaretama e Pereiro, a estimativa é de 110 toneladas de mamona a ser comprada pela Petrobras Biocombustível.

Desmotivação – O drama de agricultores envolvidos com a cultura da mamona para produção de biodiesel no Ceará já foi bem mais grave, como ficou retratada em reportagem do Diário do Nordeste de 17 de fevereiro de 2008.

A edição mostrava que apesar dos incentivos dados pelo governo, muitos agricultores cearenses não estavam dispostos a investir na oleaginosa.

Os produtores já se revelavam desinteressados por um cultivo que consideravam de baixa rentabilidade e de difícil interação com atividades econômicas tradicionais, como a pecuária e o plantio de milho.

A frustração com as experiências das décadas anteriores, o risco de contaminação do gado pelas toxinas da mamona e a incerteza quanto à garantia de compra do insumo eram apontados como os maiores empecilhos à ampliação da lavoura da oleaginosa no Estado.

Para combater a resistência cultural dos produtores, o governo garantiu a compra de toda a mamona que fosse produzida pelos agricultores. Hoje, o Governo do Estado, não apenas vem estimulando a agricultura familiar, como também incentiva o cultivo consorciado.

Número – 18,9 milhôes reais já foram investidos no programa da mamona, como principal matéria prima para a produção de biodiesel. O governo apoia projetos de agricultura familiar e consorciada

FIQUE POR DENTRO

Matéria prima – O Programa Biodiesel foi implantado no Ceará em 2007. É resultado de parceria entre Petrobrás, Secretaria do Desenvolvimento Agrário, Instituto Agropolos, Ematerce, cooperativas de produtores rurais e instituições financeiras. O objetivo, ainda não alcançado, é alavancar o uso da mamona como principal matéria-prima para as usinas de biocombustíveis. Nos últimos quatro anos, o governo estadual investiu R$ 18,9 milhões no Programa de Biodiesel no Ceará, favorecendo as regiões do Sertão Central.