Há algum tempo, abastecer os automóveis com etanol na região já não tem sido mais tão vantajoso financeiramente. Em boa parte do País, essa já é uma antiga realidade. Este é um dos fatores que motivou a Frente Parlamentar pela Valorização do Setor Sucroenergético a mobilizar os municípios produtores de cana de açúcar, em atos marcados para o dia 24 de abril, próxima quinta-feira (24). Jaú (47 quilômetros de Bauru) será palco de um deles.
Por volta das 10h, o trevo rodoviário de acesso à cidade vai concentrar comitivas de Lençóis Paulista, Macatuba, Pederneiras, Boraceia, Barra Bonita, Dois Córregos, Mineiros do Tietê, Bariri, Bocaina, além de Jaú.
No início da manhã, esses grupos vão promover manifestações em seus municípios de origem antes de saírem em caravana. Algumas usinas da região, inclusive, devem paralisar suas atividades na ocasião.
Para o dia 13 de maio, está agendada uma grande marcha a Brasília, também em defesa do biocombustível.
Presidente da Frente do Etanol, o deputado federal Arnaldo Jardim (PPS) conta que, no Estado de São Paulo, haverá outros atos na região de Piracicaba. Segundo ele, essa foi a única alternativa encontrada pelos defensores da produção sucroalcooleira para chamar a atenção do governo federal para a ausência de políticas que impulsionem o setor.
O parlamentar alega que, nos últimos três anos, 40 usinas foram fechadas no País. “A Frente sempre defendeu o consenso entre o governo federal e a cadeia produtiva do etanol e do açúcar, mas o Executivo tem se mostrado irredutível em atender as reivindicações do setor sucroenergético”, afirmou o parlamentar do PPS.
A manifestação conta com o apoio de ao menos quatro entidades: Associação dos Plantadores de Cana da Região de Jaú (Associcana), Associação dos Plantadores de Cana do Médio Tietê (Ascana), Associação dos Fornecedores de Cana da Região de Bariri (Assobari) e Associação dos Fornecedores de Cana da Região Igaraçu-Barra Bonita (Afibb).
Tributação
Entre as reivindicações do ato está o retorno da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide). Até 2012, o tributo incidia sobre a gasolina, favorecendo o preço do etanol nas bombas dos postos de combustível.
A frente também pede a regulamentação de dispositivo aprovado na Medida Provisória 613, que prevê desoneração de PIS/Cofins aos produtores de etanol.
Energia
Arnaldo Jardim diz que a Frente do Etanol quer que o governo federal volte a comprar energia produzida pela biomassa, a partir do bagaço da cana-de-açúcar. “Há quatro anos, aconteciam muitas contratações desse tipo, mas elas foram suspensas por conta do custo”.
Acontece que, hoje, compra-se energia elétrica por R$ 450,00 o megawatt/hora (MWh), enquanto a energia de biomassa pode ser vendida por R$ 180,00.
Mais alcool na gasolina
Outra reivindicação do setor sucroenergético é o aumento da mistura do etanol na gasolina. Atualmente, cada litro do combustível derivado do petróleo recebe 25% do álcool. Até maio de 2013, essa relação era de 20%. A proposta é de que o índice chegue, agora, a 27%.
O deputado Arnaldo Jardim (PPS) afirma que estudos comprovaram que a medida não trará prejuízos aos motores de automóveis.
Os ato de 24 de abril pedirá ainda a inclusão dos veículos flex no programa Inovar-Auto, que tem como objetivo aumentar a eficiência dos motores. “Queremos ainda que os projetos de carros híbridos que funcionam parcialmente a partir da matriz elétrica estejam associados ao etanol e não à gasolina”, pontua o parlamentar.