A energia nuclear, apesar de não renovável, tem uma enorme vantagem sobre as fontes fósseis de energia, já que não emite gases de efeito estufa. Além disso, o custo da produção desse tipo de energia é hoje mais barato do que a solar e eólica. Contudo, nesta terça-feira (27/10), na abertura do seminário Internacional Usinas Nucleares — Lições da Experiência Mundial, parlamentares avaliaram que essas vantagens não são suficientes diante dos riscos de acidentes.
Eles temem que se repita no Brasil vazamentos de material radioativo como os que ocorreram em Chernobyl (Ucrânia), em 1986, e em Fukushima (Japão), em 2011.
— Precisamos de mais usinas, apesar de todos os riscos, ou precisamos de mais pesquisas para fazer usinas sem riscos? — questionou o senador Cristovam Buarque (PDT-DF), presidente da Comissão de Ciência, Tecnologia, Inovação, Comunicação e Informática do Senado, promotora do seminário.
O senador Hélio José (PSD-DF), vice-presidente da CCT, avalia que o país é capaz de atender à demanda de energia futura sem a necessidade de novas usinas nucleares. Ele observou que o custo da energia eólica e solar tende a cair à medida que a escala aumenta:
—Eu preferiria colocar investimento na energia solar, na biomassa e nas eólicas do que na nuclear que tem o megawatt mais barato, mas têm esses males como a questão da segurança.
Criador da Frente Parlamentar Ambientalista para o Desenvolvimento Sustentável e ex-ministro do Meio Ambiente, o deputado Sarney Filho (PV-MA) disse que o governo não deveria levar adiante a ideia de construir mais quatro usinas até 2030 — além de Angra 3, que está sendo terminada. Em vez, disso, apontou o parlamentar, o país deveria priorizar as fontes de energia renovável como biomassa, eólica e solar.
— É preciso ajudar a clarificar o perigo que é a energia nuclear. O Brasil não precisa da energia nuclear para atender a sua demanda de energia — disse o deputado.
O seminário, que acontece no Auditório Interlegis até amanhã, tem como objetivo discutir os benefícios e os riscos da energia nuclear. Foram convidados para o evento, especialistas, cientistas e autoridades da área do Brasil e de cinco países. Cristovam informou que as conclusões do encontro serão reunidas em uma carta a ser enviada ao governo.
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