A energia gerada a partir da biomassa no Brasil até o mês de novembro deste ano atingiu o total de 11.250 MW de potência instalada por meio de 474 usinas em operação, marca que supera a capacidade a ser estabelecida na Usina Belo Monte até 2009, estimado em 11.233 MW. Em termos de potência, a Belo Monte será a terceira maior hidrelétrica do mundo, atrás da usina chinesa Três Gargantas (22.400 MW) e da Usina de Itaipu (14.000 MW). Os números foram divulgados pela União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica) na quinta-feira (21/11).
Para o gerente em bioeletricidade da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA), Zilmar Souza, isto mostra o potencial que tem a fonte biomassa em geral, particularmente o bagaço e a palha da cana-de-açúcar. “O novo patamar atingido é motivo de orgulho, mas não podemos comemorar como deveríamos pois ainda temos dúvidas sobre as perspectivas de longo prazo e o avanço dessa fonte na matriz elétrica. A biomassa já é estratégica para a matriz brasileira, mas temos muito potencial ainda para avançar,” comenta.
De acordo com a Agencia Nacional de Energia Elétrica (Aneel), a biomassa da cana é a principal fonte de geração do país, com 9.180 MW (81,6% do total), seguida pelo licor negro, combustível resultante de processo da indústria de papel e celulose, que representa 1.530 MW (13,6% do total). O restante da potência instalada pela fonte biomassa é preenchido pela geração por meio de resíduos de madeira, biogás, capim elefante, óleo de palmiste, carvão vegetal e casca de arroz.
A capacidade convencionada total do Brasil atualmente é de 133.848 MW e as termelétricas a biomassa em geral, com seus 11.250 MW em operação, representam mais de 8% do total da matriz brasileira. Isso coloca a biomassa em terceira posição, atrás apenas das usinas hidrelétricas e a gás natural, segundo dados da Aneel.
Para Souza, é possível ir além dessa contribuição já significativa pois, segundo a própria Empresa de Pesquisa Energética (EPE), o potencial técnico de exportação para o sistema elétrico pela bioeletricidade da cana, até 2022, seria da ordem de 14 GW médios. Esse total equivale à energia produzida por três usinas do porte do aproveitamento hidrelétrico de Belo Monte.
“Precisamos não somente saber estimar o potencial dessa fonte, mas também traçar as diretrizes que transformem esse potencial em capacidade instalada efetiva, caso contrário aqueles 14 GW médios estimados pelo governo não virarão realidade em termos de geração até 2022,” comenta Souza.