Na indústria de energia, a presença das mulheres ainda é um desafio, mas isso não significa que avanços notáveis não estejam surgindo. Um exemplo disso é o Complexo Eólico Tucano, localizado nesta cidade baiana a 250 quilômetros de Salvador.
Em Tucano, a equipe pioneira de 13 mulheres mostra que é possível criar um time 100% feminino para operar um complexo com capacidade para gerar 322 megawatts (MW) de energia limpa.
Juliana Oliveira, coordenadora de Usina Eólica da AES Brasil, explicou ao Giz Brasil que a presença feminina não é um desafio apenas no setor, mas na engenharia como um todo.
“Comecei minha jornada por volta de 2007, quando a presença feminina na engenharia mecânica era uma raridade. Entrei com determinação, ciente de que não havia muitos exemplos para me espelhar naquela época”, afirmou em entrevista ao Giz.
A realidade das mulheres na engenharia é muitas vezes uma batalha contra a falta de oportunidades e o estigma de gênero. Juliana compartilhou os desafios que enfrentou ao avançar em sua carreira e como, aos poucos, o cenário está mudando.
Tradicionalmente ocupada por homens, a área da engenharia vem, ao longo dos anos, ganhando cada vez mais adeptas. De acordo com uma recente pesquisa realizada pelo Conselho Federal de Engenharia e Arquitetura (Confea), o percentual de mulheres registradas como engenheiras no Brasil corresponde a 19,3% (199.786 mulheres engenheiras) do total de 1.035.103, no país.
Como o projeto começou
A ideia inédita de montar uma equipe completamente feminina foi proposta pela AES Brasil para Juliana, que se animou imediatamente com o projeto.
A partir daí, para construir uma equipe de sucesso, o Complexo Eólico Tucano enfrentou desafios na seleção e capacitação de profissionais locais.
“Na área eólica, tivemos algumas dificuldades para encontrar profissionais qualificados. Muitas mulheres com currículos impressionantes foram subestimadas devido à falta de oportunidades”, destacou Juliana.
Apesar dos desafios, o Complexo Eólico Tucano representa uma vitória significativa para a diversidade e a inclusão. A iniciativa incluiu um programa de capacitação em parceria com o Senai Bahia, resultando na formação de 28 profissionais para a equipe local.
Atualmente, a equipe é composta por 13 mulheres de diversas cidades, cada uma trazendo consigo uma determinação para mudar o mundo através da energia eólica. Juliana expressou a importância da representatividade local, inspirando mulheres da região a buscar carreiras técnicas anteriormente inacessíveis.
A visão de Juliana sobre o impacto dessas iniciativas é clara: “Projetos como o de Tucano têm o potencial de transformar a narrativa e ampliar a presença das mulheres em setores historicamente dominados por homens. À medida que mais projetos semelhantes surgem, a presença feminina na indústria de energia se torna uma realidade tangível.”
E devido ao sucesso da equipe na Bahia, o Complexo Eólico Cajuína, localizado em Lajes, no Rio Grande do Norte, está sendo implementado com o mesmo modelo operacional da estrutura baiana.
Estrutura de ponta na geração eólica
O Complexo Eólico Tucano destaca-se não apenas por sua liderança feminina, mas também por sua capacidade de evitar a emissão anual de 57,6 mil toneladas de gases de efeito estufa.
Com 52 aerogeradores, o projeto adiciona 322 MW de energia renovável à matriz elétrica brasileira, contribuindo significativamente para a transição para fontes de energia mais limpas e sustentáveis.
Essa iniciativa pioneira marca não apenas um avanço na produção de energia renovável, mas também uma mudança na narrativa da indústria de energia, destacando o potencial das mulheres na liderança e na inovação tecnológica.
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