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Biocombutível

FAPESP anuncia apoio a projetos para o desenvolvimento de biocombustíveis de segunda geração

Com aporte de cerca de R$ 19 milhões, pesquisas visam a obtenção de novas rotas para exploração e quebra de barreiras químicas para a produção de biocombustíveis avançados a partir de cana e outras matérias-primas

FAPESP anuncia apoio a projetos para o desenvolvimento de biocombustíveis de segunda geração

As pesquisas para o desenvolvimento de biocombustíveis de segunda geração devem ganhar impulso no Brasil com o início de dois grandes projetos, que receberão apoio conjunto da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) e do Biotechnology and Biological Sciences Research Council (BBSRC), um dos sete Conselhos de Pesquisa do Reino Unido (RCUK, na sigla em inglês).

O investimento em parceria foi anunciado pelas duas instituições, que aprovaram dois projetos de pesquisa colaborativa para a obtenção de biocombustíveis avançados envolvendo diferentes abordagens em biorrefinaria – como são chamados os complexos industriais que produzem combustível, eletricidade e produtos químicos a partir de biomassa.

O financiamento total aos projetos será de 5 milhões de libras esterlinas (aproximadamente R$ 19 milhões), dos quais £ 3,5 milhões (cerca de R$ 14 milhões) ficarão a cargo do BBSRC, e outros £ 1,5 milhão (algo em torno de R$ 5 milhões) da FAPESP. O valor investido nos dois projetos representa um dos maiores volumes de recursos já aplicados pela Fundação em uma chamada conjunta de propostas, e é justificado pelos desafios científicos e tecnológicos envolvidos, a serem enfrentados nos próximos quatro a cinco anos.

Um dos projetos foi apresentado por Telma Teixeira Franco, coordenadora do Núcleo Interdisciplinar de Planejamento Estratégico (Nipe) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), e David Leak, professor da University of Bath (Inglaterra). Os pesquisadores pretendem desenvolver enzimas e novos microrganismos fermentativos, melhorar as características da biomassa de plantas (palha, bagaço de cana, sorgo e resíduos de eucalipto) para produz ir biocombustíveis avançados e produtos químicos, além de explorar novas rotas tecnológicas e avaliar sua viabilidade industrial e comercial.

O outro projeto, proposto por Fábio Squina, pesquisador do Laboratório Nacional de Ciência e Tecnologia do Bioetanol (CTBE) do Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM), e Timothy David Howard Bugg, professor da University of Warwick (Inglaterra), visa desenvolver novas rotas biotecnológicas para valorizar a lignina (particularmente de cana-de-açúcar e trigo), utilizada sobretudo para queima e fornecimento de energia para processos biotecnológicos, a partir do uso de microrganismos, desenvolvidos por engenharia metabólica, em p rodutos químicos.

Apoio estratégico

O investimento anunciado para os dois projetos deve intensificar o trabalho entre o Brasil e o Reino Unido na pesquisa biológica voltada para o desenvolvimento e produção de biocombustíveis. A estratégia para o apoio aos projetos considerou a elevada qualidade científica das pesquisas realizadas em instituições de ambos os países, bem como a liderança exercida pelo Brasil na produção mundial de biocombustíveis.

Para Carlos Henrique de Brito Cruz, diretor cientifico da FAPESP, os projetos aprovados buscam enfrentar um dos desafios mais significativos para a produção de bioenergia hoje no mundo. “A chamada FAPESP-BBSRC mobiliza colaboração científica para estudar um tema extremamente relevante para o Brasil, que é a bioenergia. Os dois projetos selecionados, cada um liderado por um par de destacados cientistas de São Paulo e do Reino Unido, enfrentam um dos desafios mais importantes em bioenergia hoje: a utilização de material lignocelulósico para produzir insumos químicos valiosos e combustíveis líquidos”, disse.

A chamada fez parte do acordo mantido desde 2009 entre a FAPESP e o RCUK, do qual o BBSRC faz parte, o que reforça a colaboração científica envolvendo Brasil e Reino Unido e a cooperação entre pesquisadores dos dois lados do Atlântico.

As duas instituições também lançaram, em conjunto com o Conselho Nacional das Fundações Estaduais de Amparo à Pesquisa (Confap), uma chamada de propostas, no âmbito do Newton Fund, voltada a selecionar centros virtuais de pesquisa em nitrogênio para a agricultura.

Além disso, mantêm uma chamada de propostas de fluxo contínuo – em que pesquisadores do Reino Unido podem submeter ao BBSRC, bem como aos demais conselhos abrangidos pelo RCUK, propostas de pesquisa conjuntas com pesquisadores vinculados a universidades e instituições de pesquisa no Estado de São Paulo a qualquer momento –, e outra voltada a promover colaborações científicas de curto prazo.

Além do BBSRC, desde 2009 o acordo entre FAPESP e RCUK lançou chamadas com os conselhos britânicos de Artes e Humanidades (AHRC), de Pesquisas Econômicas e Sociais (ESRC), com o Natural Environment Research Council (NERC) e com o Medical Research Council (MRC). No entanto, a chamada de propostas com o BBSRC foi a primeira na esfera do acordo com o RCUK em que todo o processo de análise do mérito científico foi conduzido pela FAPESP.

Conforme declarou o diretor-executivo do BBSRC, Steve Visscher, em comunicado oficial, “a chamada conjunta liderada pela FAPESP demonstra a força da relação entre as duas instituições, baseada em colaborações de longa data entre o Reino Unido e os cientistas brasileiros. Este investimento demonstra o compromisso contínuo do BBSRC na pesquisa em bioenergia, que vemos como prioridade estratégica, além dos benefícios de trabalhar com parceiros globais no enfrentamento de desafios”.