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Biocombustível

Gás veicular é produzido a partir de dejetos da agropecuária

A frota de veículos da Itaipu Binacional ganhou, este mês, o reforço de um carro movido a biometano.

Gás veicular é produzido a partir de dejetos da agropecuária

A frota de veículos da Itaipu Binacional ganhou, este mês, o reforço de um carro movido a biometano – um gás natural, não poluente, derivado da transformação de dejetos da produção agropecuária. Equipado com um kit de fábrica para gás veicular, o Fiat Siena Tetrafuel está em uso pela Superintendência de Energias Renováveis da usina.

O superintendente Cícero Bley Júnior explicou que o metano é produzido em um biodigestor na Granja Haacke, em Santa Helena, parceira no projeto. Depois de filtrado e envasado, o gás é trazido em cilindros para Foz do Iguaçu.

No Parque Tecnológico Itaipu (PTI) foi instalado um posto especialmente para o abastecimento, projetado pelos técnicos e engenheiros da Superintendência de Energias Renováveis e do Centro Internacional de Energias Renováveis Biogás (CIBiogás-ER).

Bley Júnior disse que a ideia, no futuro, é desenvolver no local uma planta de produção de biometano, aproveitando o lixo do restaurante e a estação de esgoto do PTI, ambos localizados ao lado do posto. Assim, Itaipu poderia abastecer seus veículos a custo zero. “Já rodei uma semana inteira com esse carro, abastecido com biometano, e não senti nenhuma diferença (em relação a um veículo convencional)”, elogiou. “Se dependesse de mim, faria com que este posto servisse a todos os funcionários com crachá de Itaipu e do PTI que quisessem transformar seus carros em biogás, para poder experimentar a nova tecnologia durante um ano, de graça”, defendeu.

De acordo com ele, um dos objetivos do programa é ajudar na diversificação da matriz de energia renovável de Itaipu, empresa que atualmente tem a maior frota de veículos elétricos do Brasil. Além disso, pretende mostrar que o biometano é um combustível viável, seguro e com qualidade.

“Quanto mais diversificada for uma matriz de energia renovável, mais rica ela é. Essa coisa de querer transformar a matriz trocando uma predominância por outra é história. As matrizes tendem a se diversificar. E rico é aquele território que pode ter várias matrizes, com várias aplicações”, defendeu.

Em relação aos aspectos ambientais, Bley Júnior lembrou que cada metro cúbico de biogás utilizado reduz em até 21 vezes a quantidade de dióxido de carbono lançado na atmosfera. Ou seja, menos gás que provoca o efeito estufa. “Aqui, o foco é a sustentabilidade de Itaipu”, enfatizou.

Outro objetivo é contribuir com uma consulta pública aberta pela Agência Nacional do Petróleo (ANP) para regulamentar o uso do biometano em todo o Brasil. “Nós estamos monitorando vários dados para a ANP fazer um projeto melhor. Esse projeto vai servir de referência para a agência.” Bley Júnior destacou também os benefícios para o produtor rural, que poderá incorporar uma nova fonte de renda à propriedade – tanto para produção de energia, como no caso do Condomínio de Agroenergia Ajuricaba, em Marechal Cândido Rondon, como para uso veicular. “O biometano entrando na matriz energética regional equivale ao Proálcool, no tempo que o etanol entrou no mercado. É um novo combustível, uma nova renda, ainda mais distribuído que o etanol”, afirmou.

Desempenho
O Siena Tetrafuel tem dois cilindros com capacidade para 13 metros cúbicos cada. Como o veículo pode rodar aproximadamente 15 quilômetros com cada metro cúbico, a autonomia chega a quase 400 quilômetros abastecido apenas com o biogás. “Se fosse cobrar pelo combustível, esse gás custaria R$ 1,80 o metro cúbico”, disse Bley Júnior.

Já o filtro instalado na granja em Santa Helena, para separar os gases carbono e sulfídrico, garante um grau de pureza de 98% do biometano, dentro do que prevê a resolução 23 da ANP para biocombustíveis.

“Já rodei uma semana inteira com o carro abastecido de biometano e não senti nenhuma diferença”