A busca por conhecimento sempre foi uma das principais “ferramentas” de trabalho para quem vive do agronegócio em Mato Grosso. Essa atitude garantiu ao Estado a posição de vanguarda no setor frente aos demais do país. Na ânsia por fazer das práticas de sustentabilidade uma rotina dentro dos espaços de produção, a estratégia continua a mesma, sobretudo quanto ao aproveitamento correto das fontes de produção de bioenergia disponíveis: mais conhecimento para aproveitar todo o seu potencial e assim otimizar a produção agropecuária.
O produtor mato-grossense, consciente de sua responsabilidade econômica, social e ambiental, quer saber como transformar aquilo que já possui nas suas propriedades em algo econômico, eficiente e bem-sucedido na produção de energia renovável. Isso porque o Estado que ostenta a maior produção de milho (26 milhões de toneladas na safra 2014/15), por exemplo, tem o potencial de também ser o maior produtor de etanol de milho do país, produto a ser consumido internamente e fora dele.
Hoje, já são utilizados mais de 230 mil toneladas do grão nas indústrias de etanol, para atingir 84 mil metros cúbicos do produto. A ampliação disso para consumo interno pouparia ao Estado pagar um dos combustíveis mais caros do país, em virtude do transporte desde as refinarias de petróleo de São Paulo. Além disso, outro ganho ao setor a partir da fabricação de etanol de milho é a produção de um subproduto importantíssimo à alimentação de nossos animais, o DDG. Sinônimo de economia e eficiência. E o produtor quer discutir, aprender como ampliar isso.
A cana-de-açúcar produzida em Mato Grosso – na ordem de 17 milhões de toneladas (safra 2014/15) – é toda voltada ao refinamento do açúcar (405 mil t) e à fabricação do produto etílico (mais de 1 milhão de metros cúbicos). Já existem 10 usinas de etanol no Estado, três delas “flex” – produzem com cana e milho. O subproduto da moenda da cana, a biomassa (bagaço), também vira energia elétrica, pois é a base energética de sua indústria quando submetida à queima. Ou seja, é a matéria-prima aproveitada duas vezes no processo de industrialização. Desenvolvimento e geração de renda. E o produtor quer saber como tornar isso cada vez mais produtivo.
Duzentos e quarenta mil hectares de floresta plantada, especificamente de eucalipto e teca, existem em território mato-grossense, combustíveis renováveis para tocar usinas de etanol, principalmente de milho. Essa já é a contribuição do Estado em termos de uma nova fonte muito menos poluente para produção de energia. E novamente o produtor quer muito aprender a potencializar isso.
É com a proposta de enriquecer esse debate na busca por soluções empreendedoras que está aberto o convite a todos que se interessarem pelo tema a juntar-se a nós, produtores rurais, no 1º Congresso de Bioenergia de Mato Grosso e 3º Congresso do Setor Sucroenergético do Brasil Central, uma realização da Famato, Aprosoja e Senar-MT.
O encontro, sediado em Cuiabá entre os dias 12 e 14 de setembro, trará as principais autoridades no assunto do país para demonstrar como aumentar a participação das fontes renováveis tornando uma realidade que possa trazer ganhos para todos, produtores, sociedade e meio ambiente. Esta será mais uma forma de agregar valor às propriedades rurais, impactando de forma positiva na economia brasileira, graças a novas oportunidades de negócios que, sem dúvida, vão gerar mais emprego e renda, levando ao crescimento na agroindústria também.
Com o Congresso, pretendemos mostrar ao Brasil como Mato Grosso é um grande estado não apenas na agricultura e na pecuária, mas no agronegócio em um todo, e capaz de alçar voos muito maiores, como evoluir de grande produtor de alimentos à condição de grande produtor de bioenergia.
*RUI PRADO é médico veterinário, produtor rural e presidente do Sistema Famato/SENAR-MT