presidente da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), Evandro Gussi, disse que a entidade vai levar ao Ministério da Minas e Energia (MME) um porcentual “mais razoável” sobre metas de emissão de Créditos de Descarbonização (Cbios). Em live promovida na terça-feira pela União Brasileira do Biodiesel e Bioquerosene (Ubrabio), Gussi criticou o porcentual de redução na emissão de Cbios proposto pelo MME em consulta pública sobre o assunto que se encerra no próximo sábado (4). “Entendo que o MME foi mais do que conservador nas metas; foi reacionário”, disse ele. Ele contemporizou, porém, admitindo que a proposta não é “arbitrária”, mas acrescentou não ver “justificativa técnica do MME” para a redução que consta na consulta pública. “Para ter a redução de 50% nas emissões de Cbios teríamos de ter duas pandemias em 2021”, disse Gussi.
As metas anuais de emissão de Cbios foram cortadas por causa da pandemia do novo coronavírus. Diante disso, o MME abriu uma consulta pública sobre a nova proposta, que prevê cortar pela metade a meta anterior, de 28,7 milhões de Cbios em 2020. Foram revisadas também as metas para os próximos nove anos.
Gussi defendeu, ainda, que um programa como o Renovabio – que regulamentou a emissão de Cbios – deve garantir previsibilidade para atrair investidores. “Estamos confortáveis em relação a uma adaptação do programa para 2020 (por causa da pandemia de coronavírus”, disse. “Mas entendemos que o corte não precisa chegar ao que foi feito este ano. Há um número que entendemos ser mais factível”, mencionou, embora não tenha citado qual número seria. “Pode até haver alteração na meta, mas uma meta que não negue nosso principal objetivo, que é a descarbonização.”
O presidente da Ubrabio, Juan Diego Ferrés, disse na mesma live que só haveria condições de fazer uma revisão numérica nas metas de emissão de Cbios em 2021. “Em plena pandemia não se deveria mexer nas metas de emissão de Cbios”, defendeu. “Nossa sugestão de bom senso indica que alguma revisão das metas só deveria ser feita a partir de 2022.” Ele disse, ainda, que seria uma “aventura” mexer em metas que foram elaboradas nos últimos cinco anos e publicadas há um ano.