O governo de Minas Gerais aderiu na última quarta-feira à campanha mundial “Race to zero”. Criada em 2020 e patrocinada pela Comissão de Compensação das Nações Unidas (UNCC), a campanha tem como meta neutralizar as emissões de gases de efeito estufa até 2050. O termo de adesão foi assinado pelo governador do Estado, Romeu Zema (Novo), pelo embaixador do Reino Unido no Brasil, Peter Wilson, e por representantes das indústrias e do agronegócio. Minas é o primeiro Estado da América Latina a aderir à campanha.
No mundo, a campanha tem adesão de 24 Estados, 708 cidades, 2.360 empresas — sendo 86 brasileiras — 163 grandes investidores globais e mais de 600 universidades. Juntos, esses atores representam 50% da economia global e 25% das emissões de carbono. No Brasil, também participam as cidades de São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba, Salvador e Terra Nova do Norte (MT).
A meta de neutralizar as emissões de carbono até 2050 está em linha com o anúncio feito pelo presidente Jair Bolsonaro na Cúpula de Líderes sobre o Clima.
A secretária de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, Marília Melo, disse que a adesão à campanha Race to Zero obriga o Estado a divulgar publicamente metas de redução de emissões ao longo do tempo e a tornar público o cumprimento dessas metas. “As metas serão monitoradas pelo programa e seremos cobrados por organismos internacionais. Isso torna o compromisso mais forte”, afirmou.
Zema afirmou em discurso que Minas Gerais já é o Estado que mais gera energia solar no Brasil, o maior em reflorestamento e está prestes a receber a primeira montadora de carros elétricos na América Latina. “Tudo isso faz parte desse contexto e eu fico imensamente agradecido ao Reino Unido por estar nos dando essa oportunidade”, disse o governador.
Zema acrescentou que o compromisso deve ajudar a atrair novos investimentos ao Estado. “Isso vai ajudar a atrair investimentos, vai ajudar a valorizar o nosso produto, o café, o queijo que nós vendemos para fora, porque será visto como um produzo que foi produzido com responsabilidade”, acrescentou.
De acordo com Marília, a primeira ação a ser adotada é a atualização do Inventário de Emissões e Remoções de Gases de Efeito Estufa no prazo de 12 meses, para, a partir desses dados, definir as metas de redução de emissões até 2030 e até 2050. O inventário mais recente é de 2016. O Estado é o quinto maior do país em emissões de gases de efeito estufa, segundo a secretária.
“A gente quer muito reforçar a geração de energias renováveis. Também temos planos de aumentar a cobertura vegetal no Estado com reflorestamento, para captura de gases de feito estufa, uso de combustíveis renováveis no transporte público, entre outras ações”, afirmou Marília. Ela observou que o Estado atingiu 1 gigawatt de potência instalada de geração de energia fotovoltaica, o que equivale à redução de emissões de 394 mil toneladas de carbono por ano.
“Ser o primeiro Estado na América Latina passa uma mensagem muito poderosa, de que há no Brasil quem quer abraçar a causa climática. Existem investidores que querem apostar nesses projetos. Certamente Minas Gerais vai atrair esses investidores”, afirmou o cônsul britânico em Belo Horizonte, Lucas Brown. Ele citou como exemplos de potenciais investidores grupos britânicos focados na geração de energia solar e biocombustíveis.
O embaixador britânico Peter Wilson observou em discurso que Minas é o primeiro Estado da América Latina e do sul global a aderir à campanha e isso dará destaque ao Estado no exterior. “Os investidores querem evitar riscos. E os riscos ambientais são altos agora”, disse. O embaixador acrescentou que quer uma parceria com o BDMG para incentivar investimentos verdes no Estado.
Também nesta quarta-feira foi assinado um protocolo de intenções entre a Secretaria, o Instituto Estadual de Florestas e a ONG SOS Mata Atlântica, para realizar ações conjuntas para conservação e restauração ecológica de áreas no Bioma Mata Atlântica em Minas Gerais.