Enquanto as ações da Petrobras voltavam a levar um tombo na bolsa, a Agência Internacional de Energia (IEA na sigla em inglês) fez uma avaliação amplamente positiva das perspectivas do mercado de energia brasileiro. “Os recursos do Brasil são abundantes e diversificados e seu desenvolvimento nas próximas décadas colocará o país no topo superior dos produtores globais de energia”, aponta o relatório Perspectivas para a Energia Mundial de 2013, lançado na segunda-feira, 11. “Mais poços supergigantes foram encontrados no Brasil nos últimos dez anos do que em qualquer outro país”, aponta o relatório.
A produção brasileira de petróleo convencional, segundo o documento, é a que mais contribuirá para atender a demanda mundial, ultrapassando, nesta tarefa e até 2020, o aumento do suprimento por parte dos países do Oriente Médio.
“O Brasil jogará papel central no atendimento da demanda mundial até 2035, sendo responsável por um terço do crescimento líquido do fornecimento global”, diz o documento.
Pelas estimativas da IEA, a produção de petróleo crescerá de 2,2 milhões de barris agora para 4,1 milhões de barris em 2020 e 6,5 milhões de barris-dia em 2035. Nesse ano, será o sexto maior produtor mundial de petróleo.
Pré-sal – Este desempenho dependerá basicamente da exploração do pré-sal que, se bem-sucedida, consolidará a posição da Petrobras como líder global na exploração em águas profundas, dominando 60% do petróleo delas extraído em todo o mundo.
A produção de gás, associada à de petróleo, deverá crescer fortemente, segundo o IEA, e atingir, em 2035, cerca de 90 bilhões de metros cúbicos.
Rico em petróleo, o Brasil tem boas perspectivas em outras energias não provenientes de hidrocarbonetos. Para a IEA, o país tem um potencial estimado de 245 GW de energia hidroelétrica – dois terços ainda inexplorados -, um potencial de 350 GW em energia eólica e “considerável potencial para energia solar”.
Energias renováveis – Em seu cenário, a demanda de energia elétrica no Brasil atingirá 940 TWh em 2035 e, se a exploração de usinas for, por algum motivo, barrada na região amazônica, o potencial de expansão hidrelétrica se reduzirá para 70 GW e não poderá mais ser expandido.
As perspectivas que se desenham para o setor de energia dependerão da manutenção de altos níveis de investimento, que estão, segundo estima a IEA, na casa dos US$ 90 bilhões por ano. Dois terços desse valor são absorvidos no setor de petróleo e mais de 25% na expansão da geração de energia e na rede de transmissão.
A produção de biocombustíveis no país deve triplicar até 2035 e atingir o equivalente a 1 milhão de barris de óleo equivalente. Nesse ano, suprirá praticamente um terço da energia usada no transporte rodoviário, ajudando a reduzir significativamente a demanda por petróleo.
A IEA constata que o setor de energia brasileiro permanece um dos menos intensivos em carbono do mundo. “Apesar da grande disponibilidade e uso de combustíveis fósseis, o Brasil já é o líder mundial em energia renovável e está a caminho de dobrar sua produção de combustíveis renováveis até 2035”, indica o estudo.
A emissão brasileira de CO2 per capita deve crescer 50% e chegar a 3 toneladas, pelas estimativas do IEA. Ainda assim, aponta, esse nível corresponderá a “apenas 70% da média mundial em 2035”.