O presidente da Associação dos Produtores de Biodiesel do Brasil (APROBIO), Erasmo Battistella, fez uma palestra ontem (08/05) pela manhã para uma comitiva de empresários holandeses que estão visitando o país para prospectar oportunidades de investimentos no Brasil e na Holanda. O fato revela que cada vez mais o biodiesel está se inserindo na agenda internacional brasileira, atraindo a atenção de investidores do exterior que buscam informações sobre os segmentos da economia brasileira.
Em seminário organizado pela Rotterdam Climate Initiative, programa de melhoria climática da cidade, do Porto de Rotterdam, da agência de proteção ambiental Rijnmond, e da empresa Deltalinqs, Battistella traçou uma radiografia do mercado brasileiro de biodiesel e das perspectivas de exportação do produto.
Ele descreveu os benefícios ambientais, como a redução de 57% de gases poluentes; de saúde pública, a consequente redução de internações hospitalares por problemas respiratórios; e sociais, o aumento da renda da agricultura familiar brasileira por meio do Selo Social, programa que prevê benefícios fiscais para as usinas que adquirem matéria prima de pequenos produtores rurais.
Segundo o presidente da entidade, o Brasil tem 15 usinas autorizadas a exportar até 4,6 bilhões de litros, dentro dos critérios da Agência Nacional de Petróleo Gás Natural e Combustível (ANP).
A APROBIO iniciou na semana passada tratativas com a embaixada da Espanha em Brasília para exportar o biocombustível para aquele país, que no final de abril passado suspendeu as importações de biodiesel da Argentina, que nacionalizou a petroleira YPF, controlada até então pela espanhola Repsol. No ano passado a Argentina exportou 1,87 bilhão de litros, 43% deles para a Espanha.
Além disso – relatou Battistella –, o setor produtivo de biodiesel tem contribuído para reduzir o déficit na balança comercial do país. Desde 2005, com a criação do Programa Nacional de Produção e Uso do Biodiesel, que prevê a adição de 5% do combustível renovável no diesel fóssil comercializado no mercado interno, o Brasil já economizou US$ 2,5 bilhões em importação de diesel.
O presidente da Deltalinqs, Van Sluis, explicou que a prefeitura de Rotterdam tem um plano de reduzir em até 50% as emissões de gás carbônico na cidade até 2025. Para tanto, eles contam com a adoção de novas tecnologias energéticas e de combustível veicular, com foco em biocombustíveis como etanol, biodiesel e energia gerada a partir de biomassa.
De acordo com ele, 10% de todos os produtos que entram na Holanda, e na Europa, pelo porto de Rotterdam, são do Brasil. Agora brasileiros e holandeses querem trabalhar para aumentar esse volume.