A oportunidade de produzir biodiesel a partir de resíduos, gerando energia e limpando o meio ambiente, é tema de debate nesta terça-feira (27), das 9h às 12h30, na Câmara dos Deputados (Brasília/DF). A iniciativa é da Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Câmara, juntamente com a Embrapa Agroenergia, a Caesb (Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal) e a Ubrabio (União Brasileira do Biodiesel e Bioquerosene). Essas três instituições lideram o projeto MOVER – Meu Óleo Vira Energia Renovável.
O seminário foi idealizado no âmbito do projeto M.O.V.E.R. – Meu Óleo Vira Energia Renovável para conscientizar a população e estimular a coleta do óleo de fritura usado e seu aproveitamento para produção de biodiesel. Os assuntos do seminário estão divididos em dois painéis: “O PNPB (Programa Nacional de Produção e Uso do Biodiesel) e suas perspectivas”, com destaque para a abordagem política e o contexto social do Programa, e “Sebo bovino e óleo reciclável: uso e tecnologia”, com foco na produção do biodiesel como solução ambiental e no aprimoramento das tecnologias já desenvolvidas.
O debate de amanhã começa com um panorama sobre o Programa Nacional de Produção e Uso do Biodiesel (PNPB) e suas perspectivas, que será apresentado pelos deputados federais Márcio Macêdo (PT/SE) e Jerônimo Goergen (PP/RS), além do presidente do Conselho Superior da Ubrabio, Juan Diego Ferrés, e do Chefe-Geral da Embrapa Agroenergia, Manoel Teixeira Souza Júnior. Na sequência, serão discutidos os usos de dois resíduos como matéria-prima para a produção do biodiesel: o sebo bovino e o óleo de fritura. Desse debate participarão o presidente da Ubrabio, Odacir Klein; o pesquisador Rossano Gambetta, da Embrapa Agroenergia; o chefe da Unidade de Informações e Monitoramento de Recursos Hídricos da Caesb, Fernando Starling; e o professor do Instituto de Química da Universidade de Brasília, Paulo Suarez.
Resíduo que vira energia e limpa o meio ambiente
A fabricação de biodiesel a partir de óleos e gorduras residuais (OGR) é sustentável e transforma esses passivos ambientais – que poluem as águas, geram entupimento nas redes de esgoto e gastos com manutenção -, em energia limpa e renovável. Nesse sentido, o Seminário vai dialogar com a sociedade sobre o aproveitamento de resíduos para promover as tecnologias existentes e ampliar seus usos, além do papel das OGR na diversificação de matérias-primas do biodiesel brasileiro.
Até 2012, o óleo de fritura ainda não possuía representatividade na cadeia produtiva do biodiesel, mas, em 2013, passou a responder por 1% da produção. No cenário da mistura obrigatória vigente desde 2010 – 5% biodiesel adicionado ao diesel fóssil (B5) -, esse percentual corresponde a cerca de 30 milhões de litros. Há potencial para aumentar ainda mais essa participação, já que, atualmente, apenas 2% do óleo de fritura é reciclado
“Transformando esse resíduo em biodiesel, estamos, ao mesmo tempo, gerando energia renovável e impedindo que o óleo seja descartado nas redes de esgoto, contaminando mananciais de água”, ressalta o chefe-geral da Embrapa Agroenergia, Manoel Teixeira Souza Júnior. No Distrito Federal, Embrapa Agroenergia e Caesb estão na fase final de instalação de uma usina demonstrativa para produção de biodiesel a partir de óleo de fritura, com recursos da Agência Brasileira de Inovação (Finep). . De acordo com a Caesb, são gastos cerca de R$ 500 mil todos os anos apenas para filtrar o óleo doméstico que é descartado no ralo depois do preparo de, por exemplo, uma porção de batatas fritas.
Donizete Tokarski, diretor da Ubrabio, destaca que o Brasil reaproveita apenas 2% do óleo de fritura, uma proporção inversa ao reuso das latinhas de alumínio, que alcança 98% encaminhadas para a reciclagem. “Com o envolvimento da sociedade é possível avançar muito, eliminar um passivo ambiental e ao mesmo tempo produzir energia limpa”, declarou o diretor.