O Paraná é responsável por 4,3% da produção nacional de biodiesel, que em 2011 totalizou 2,6 bilhões de litros. No ano, a produção paranaense foi de 114,8 milhões de litros, volume 65% superior ao de 2010, segundo a Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). A tendência para os próximos anos é de crescimento, mas o setor ainda enfrenta desafios para conquistar a expansão, como ausência de políticas públicas para fomento da atividade, necessidade de desenvolvimento de pesquisas para ampliação de variedades produtivas e de adaptação da infraestrutura industrial para extração de óleo, bem como a garantia de viabilidade econômica para produção de oleaginosas além da soja.
O assunto foi debatido na sexta-feira (23) durante o seminário ”Produção de Biodiesel: Aspectos agronômicos e perspectivas futuras”. O evento, promovido pela Universidade Estadual de Londrina (UEL), reuniu cerca de 100 estudantes de graduação no auditório do Instituto Agronômico do Paraná (Iapar). O professor da UEL e coordenador do evento, Rodrigo Ferreira, argumenta que a demanda por energias renováveis é crescente e motiva as perspectivas otimistas para o setor. ”O governo quer mostrar o Brasil como vitrine da produção de biodiesel e uma das medidas tomadas foi a determinação do B5, em que 5% do diesel comercializado deve ser composto por biodisel”, afirma.
No entanto, o Brasil ainda enfrenta grande dependência da soja, que responde por mais de 90% da produção nacional de biodiesel e quase a totalidade produzida no Paraná. ”Com os preços elevados, é difícil quebrar o ciclo de soja e milho nos campos paranaenses, mas é preciso mostrar que o biodiesel de outras oleaginosas pode ser uma alternativa rentável para pequenos produtores”, comenta Ferreira.
O Paraná possui atualmente três indústrias processadoras de biodiesel, que somam uma capacidade diária de produção de 455,7 mil litros. Além disso, três novas plantas já receberam autorização para construção, segundom a ANP, o que deve ampliar a capacidade instalada em mais 1,7 milhão por dia. Entretanto, a demanda das indústrias não é acompanhada pelo aumento da produção. ”O Brasil tem potencial industrial para chegar ao B10, com 10% de participação de biodiesel no diesel, mas o gargalo é a falta de matéria-prima”, alega o pesquisador da Iapar Ruy Seiji Yamaoka.
Yamaoka argumenta que não é possível evitar a predominância da soja como fonte de biodiesel, mas é preciso pensar em modos alternativos de produção para inclusão de outras oleaginosas na safra paranaense. ”Nas áreas ocupadas pela combinação soja e milho safrinha, podemos investir em safrinhas de girassol e amendoim, e também na produção de canola no inverno”, indica. O pesquisador reforça que ainda é preciso investir em pesquisa para a descoberta de matérias-primas de valor agregado e que possibilitem melhor aproveitamento do grão, bem como para domínio agronômico das culturas pouco disseminadas. ”Não adianta forçar as indústrias a se adaptarem para receber determinados materiais se a produção ainda não estiver estabilizada e com as características fisiológicas profundamente conhecidas”, explica.
O seminário ainda debateu a importância da determinação de zoneamento agroclimático para as culturas com potencial produtivo de biodiesel. A expectativa é de que o produtor tenha mais estímulo para produzir com acesso à financiamento e seguro rural. Durante o evento, os estudantes também receberam informações sobre as potencialidades produtivas de microalgas para geração de energia. A pesquisa do Iapar sobre a cultura já está em fase industrial e mostra que o teor de óleo das microalgas pode chegar a até 60%, segundo a pesquisadroa Diva Souza Andrade.