A tensa combinação entre baixa demanda por gasolina, elevados estoques e altos preços do milho empurrou ladeira abaixo a produção de etanol nos Estados Unidos, que recuou ao menor nível já registrado pela Administração de Informações de Energia (EIA, na sigla em inglês), desde que esses dados começaram a ser compilados, em 2010.
Na semana encerrada em 11 de janeiro, a produção americana do biocombustível caiu 5,1%, para 784 mil barris por dia – o que consumiu o equivalente a 2 milhões de toneladas de milho, principal matéria-prima do produto nos EUA. O menor patamar até então havia sido atingido no fim de setembro de 2012, com a oferta de 785 mil barris diários.
Já os estoques subiram 2,6%, para 20,4 milhões de barris, o que reverteu o declínio da semana anterior. Em dezembro, os estoques de etanol nos EUA haviam alcançado o maior volume em seis meses – 20,8 milhões de barris.
Na bolsa de Chicago, referência mundial para a formação dos preços do milho, o grão chegou a ser pressionado assim que os dados foram divulgados, mas a tensão com os estoques enxutos da commodity sustentou as cotações. Assim, os contratos com entrega em maio (que ocupam a segunda posição de entrega, normalmente a de maior liquidez) fecharam em ligeira alta de 0,06%, a US$ 7,2125 por bushel.
Segundo Stefan Tomkiw, do Jefferies Bache, em Nova York, há uma queda sazonal na produção de etanol no Brasil atualmente, o que pode dar algum suporte às cotações do etanol americano. Além disso, existe um cenário de margens positivas para o “blend” (mistura de etanol à gasolina), e pode haver um repique na produção do biocombustível nas próximas semanas. “O preço do milho não está tão atraente, mas se combinarmos a demanda dos derivados de etanol, a conta acaba fechando mesmo com o custo maior”.