A Albioma, uma empresa francesa que produz eletricidade a partir da biomassa, afirmou que sua incursão de 100 milhões de euros (US$ 120 milhões) pelo Brasil é apenas o começo de uma expansão ambiciosa em um momento em que o setor açucareiro do país, em dificuldades, busca investimento externo.
“Existe um enorme potencial no Brasil”, disse o CEO Frédéric Moyne, em entrevista, na sede da empresa, perto de Paris. “Nosso objetivo é continuar crescendo fortemente no Brasil para ganhar massa crítica, e não há motivos para acreditar que não conseguiremos isso.”
A Albioma adquiriu duas usinas brasileiras que geram energia a partir da biomassa de refinarias de açúcar em 2014 e 2015 e fechou um terceiro negócio no País em maio do ano passado, comprometendo ao todo 105 milhões de euros. Ao expandir-se na maior região produtora de açúcar do mundo, a empresa está capitalizando a queda dos preços que forçou algumas refinarias a buscar operadoras externas para suas geradoras de energia.
“Estamos conversando com todos”, disse Moyne, que preferiu não fornecer mais detalhes. “A questão é: quem sobreviverá no Brasil? Em que condições?”
A maioria das usinas da Albioma utiliza o bagaço da cana-de-açúcar como matéria-prima. Embora a maior parte delas esteja localizada em ilhas do Caribe e do Oceano Índico, a empresa separou 295 milhões de euros para novos projetos no Brasil de um plano de investimento de 350 milhões de euros para 2023. O sucesso da empresa no País dependerá de sua capacidade de melhorar o rendimento e vender mais energia excedente — eletricidade não utilizada pelas refinarias — à rede elétrica.
Se encontrar projetos lucrativos, a Albioma poderá investir mais que o planejado no Brasil ou nos territórios ultramarinos da França, com ou sem parceiros, segundo Moyne. A empresa está atualizando usinas e construindo novas estações de biomassa e energia solar em Martinica e Reunião. Além disso, está buscando mais palha, pellets de madeira e resíduos ecológicos para substituir o carvão que algumas de suas usinas ainda utilizam.
A estratégia pode aumentar os custos, mas “é o que faremos se fizer sentido para a comunidade”, disse Moyne. “Trata-se de um desafio importante, porque todo o ecossistema precisa perceber que é hora de mudar a matriz energética nos territórios ultramarinos.”