O uso de etanol e biodiesel deve crescer e atingir 30% do consumo de combustíveis no Brasil em 2050, mesmo considerando-se o aumento no uso dos combustíveis fósseis e eletricidade na matriz de transportes durante esse período. Essa é a projeção do estudo ‘Revolução Energética,’ divulgado no final de agosto pelo Greenpeace e o Conselho Internacional de Energia Eólica.
De acordo com o relatório da ONG, embora hoje o predomínio seja de derivados de petróleo, os biocombustíveis podem reduzir sensivelmente a utilização de combustíveis fósseis nos próximos anos.
“O estudo traz projeções positivas quanto à participação de renováveis na matriz energética, mas também deixa evidente que existem barreiras a serem superadas para que tais cenários sejam alcançados. Isso somente será possível com um planejamento político de longo prazo para todo o setor energético,” acredita a gerente de sustentabilidade da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA), Marina Carlini.
O trabalho do Greenpeace mostra a evolução do uso dos combustíveis esperada entre 2010 e 2050. O aumento expressivo projetado para o consumo de biocombustíveis mostra-se mais evidente em 2030.
Nesse contexto, a proporção ao final de 2050 em veículos tipo flex fuel é de 80% para etanol e 20% para gasolina.
Relevância – De acordo com Carlini, a relevância estratégica do etanol e da bioeletricidade para a matriz energética nacional é inquestionável, porém para que essas fontes de energia possam contribuir efetivamente, o setor sucroenergético terá que equalizar o desafio entre demanda e oferta.
“Para um novo ciclo de expansão, a ação do governo no estabelecimento de diretrizes de longo prazo sobre o papel do setor na matriz de combustíveis brasileira será fundamental, incluindo mecanismos que permitam remunerar as externalidades positivas que o etanol gera para a sociedade e o meio ambiente,” disse.
A publicação traz ainda um dado da UNICA, mostrando que o volume de bagaço e de palha da cana disponíveis nos canaviais representa uma quantidade energética expressiva, ou seja, caso fossem utilizados para gerar energia, totalizariam um potencial de 14 mil MW, o equivalente à usina de Itaipu, e 28 mil MW em 2020 de acordo com projeções para as safras nesse período.
O coordenador da Campanha de Energias Renováveis do Greenpeace Brasil, Ricardo Baitelo, explica que esta nova versão do estudo Revolução Energética projeta a energia necessária para suprir a demanda do País nas residências, indústrias e transportes até 2050.
“O desafio não é pequeno, mas a boa noticia é que é possível descarbonizar a matriz energética futura aumentando a participação de renováveis como solar, eólica e biomassa – esta última com função vital na complementação do sistema elétrico e na redução do uso de combustíveis fósseis nos transportes públicos e particulares,” afirmou Baitelo.