Primeira e única distribuidora brasileira a injetar gás natural renovável na sua rede de gasodutos, com um volume de 75 mil metros cúbicos diários, a Companhia de Gás do Ceará (Cegás) tem um dos maiores percentuais do mundo de participação de GNR no volume de gás distribuído, de aproximadamente 15%. Em países como a França e o Japão, este índice é inferior a 5%. Na Suécia, o percentual é em torno de 12%.
Para falar sobre o case e as oportunidades do mercado, o presidente da Cegás, Hugo Figueirêdo, participa do VI Fórum do Biogás, maior evento do setor na América Latina, que será realizado nos dias 31 de outubro e 1º de novembro em São Paulo. Hugo vai compor o primeiro painel do dia, sobre a “Promoção da Concorrência: o biogás como fonte complementar do gás”.
Para Hugo, uma das vantagens do biogás é a sua possibilidade de produção a partir de fontes diversas de matéria orgânica onde ainda não há fornecimento do gás natural, notadamente em regiões do interior do país. “O biogás, com algum tratamento, pode ser transformado em biometano ou gás natural renovável (GNR), atendendo a todas às especificações técnicas do gás natural convencional estabelecidas pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). Dessa forma, o GNR pode ser utilizado puro ou em mistura com o gás natural convencional nas aplicações em que o gás natural é recomendável, seja por eficiência, segurança, comodidade e principalmente sustentabilidade”, explicou.
Referência em biogás no Brasil
Em abril de 2018, através de uma aliança entre os setores público e privado, o Ceará inaugurou, no Aterro Sanitário Municipal Oeste de Caucaia (Asmoc), o Gasoduto, a Estação de Transferência e a Planta de Produção de Gás Natural Renovável, empreendimentos realizados por meio da parceria entre a Companhia de Gás do Ceará (Cegás), as Prefeituras de Fortaleza e Caucaia, e a empresa Gás Natural Renovável Fortaleza.
O gás é gerado a partir da decomposição de resíduos orgânicos depositados no Aterro, principal destinação de todo o resíduo sólido recolhido em Fortaleza. Para a retirada de metano, a Gás Natural Renovável Fortaleza instalou tubulações que fazem a sucção de todo o biogás da superfície do aterro. O processo de produção de GNR acontece a partir da separação de CO2 do metano e da remoção de contaminantes.
“Tudo isso mostra como a produção de GNR é vantajosa e viável economicamente. A estação de transferência e o gasoduto de 23 km foram construídos pela Cegás, que faz a distribuição do GNR proveniente do aterro sanitário da Região Metropolitana de Fortaleza para indústrias, veículos, comércio e residências da rede de clientes da empresa”, comentou Hugo.
O projeto, que começou a funcionar experimentalmente em dezembro de 2017, se adequa completamente às Políticas Nacional e Estadual de Resíduos Sólidos, aprovadas e sancionadas em 2010 e 2016, respectivamente.
Segundo Hugo, a iniciativa mostra que é possível dar uma nova destinação para a grande quantidade de resíduos produzidos em grandes centros urbanos. “Estamos agora buscando aproveitar o lodo das estações de tratamento de esgoto e outros resíduos orgânicos. Através de parcerias com o setor privado, é possível conceber soluções mais rapidamente em que a sociedade como um todo ganha”, afirmou.
Expectativas
De acordo com o Hugo, o Fórum do Biogás constitui uma oportunidade para se avançar na discussão sobre a importância crescente do biogás na matriz de geração de energia, e na busca de soluções similares a que encontraram na Região Metropolitana de Fortaleza em outras regiões do país, explorando, inclusive, outras fontes de biogás.
“O biogás tem o grande mérito de ser uma energia mais limpa e que contribui efetivamente para termos um planeta e uma vida urbana mais sustentável. Além do uso do GNR para diversos fins, no Ceará está sendo possível evitar que mais de 610 toneladas de CO2 sejam lançadas na atmosfera anualmente, equivalentes à retirada diária de mais de 800 mil litros de diesel do setor de transportes. Isso contribui para minimizar a emissão de gases de efeito estufa, contribuindo positivamente para as futuras gerações. É um exemplo claro de economia circular”, concluiu.
O VI Fórum do Biogás é uma realização da ABiogás, e tem como parceiros institucionais a Associação da Indústria de Cogeração de Energia (Cogen), e da Única, organização da Datagro, e apoio das empresas associadas da ABiogás.