“Energia é um grande negócio, não é apenas um insumo”, avalia o diretor-geral da Agência Estadual de Serviços de Energia (Aspe), Luiz Fernando Schettino. Num planeta onde ainda há cerca de 1,4 bilhão de pessoas sem acesso à energia elétrica nas suas residências, a discussão, hoje, envolve considerar essa força como um negócio que merece investimentos público e privado, pesquisas e análises.
Às voltas com a preparação para iniciar o levantamento para o Atlas da Energia Solar no Estado, a Aspe discute, também, quais as melhores alternativas de geração de energia limpa e renovável existem para o Estado. O que é mais economicamente viável e ambientalmente indicado? Energia solar? Eólica? Biomassa?
O Estado importa 62% da energia elétrica que utiliza e gera os 38% restantes. Mas poderá ampliar sua geração a partir da conclusão dos projetos de termelétricas. Só que as usinas termelétricas não operam todo o tempo, mas apenas nos períodos que o Operador nacional do Sistema (ONS) determinar. No Estado, já são duas usinas prontas: uma movida a óleo combustível, em Viana; e outra a gás natural, em Linhares.
Projeto – Apesar das possibilidades de geração solar e eólica (já existe até um atlas dos ventos), o Estado avança mais em geração por biomassa e pequenas centrais hidrelétricas. O ainda alto custo dos equipamentos para explorar o vento e o desconhecimento sobre o potencial solar impedem investimentos mais significativos.
Hoje, o que existe em termos de aproveitamento do sol são instalações para uso da luz para aquecimento de água. “Claro que o uso do sol para gerar energia e calor é importante, mas antes é preciso conhecer o potencial de cada região para saber onde é mais viável usar esta alternativa”, explica Schettino. A Aspe ainda está na fase de definição da empresa que fará o levantamento para o Atlas.
Outro segmento que merecerá novos estudos é o de biomassa que, incluindo bagaço de cana, restos de madeira (cascas e pó de serra) e oleoginosas para a produção de biodiesel.
Segundo Schettino, o Estado pretende ampliar os dados sobre o potencial no setor. “É preciso saber onde é viável plantar, quais variedades plantar e como transportar os restos de madeira, por exemplo”, diz ele.
O consumo de energia no Estado deve crescer em função do crescimento econômico. O consumo total, em 2010, foi de 8.482.430 MW/h.
O gasto de energia foi de 1.812.511 MW/h no segmento residencial e 1.143.647 MW/h no comercial. Muitas indústrias, como Fibria, ArcelorMittal Tubarão geram a energia que gastam e ainda colocam no sistema o excedente.
Saiba mais
Renováveis – Em 2010, 44,8% da necessidade energética do país foi abastecida a partir de fontes renováveis. Para 2011, a previsão era de 46,3%. Pensando apenas em eletricidade, o índice é maior: 83%.
Demanda – A diferença entre eletricidade e demanda energética é que a eletricidade envolve a demanda de iluminação, aquecimento, refrigeração etc, enquanto que demanda energética envolve todos os fornecimentos para a indústria, por exemplo.
Investimento – Até 2020, o país precisará investir R$ 100 bilhões para manter os percentuais acima. Dos R$ 100 bilhões, 55% deverão ser para grandes centrais hidrelétricas e 45% para biomassa, energia eólica e pequenas centrais hidrelétricas.
Economia – Levantamento realizado no Estado mostra que existe potencial grande de economia de energia. O setor público é o que tem índice maior de potencial de redução: 17%, enquanto saneamento tem potencial de 15%; condomínios residenciais, 15%; comercial, 11%; e industrial, 6%.
Solar – O potencial de geração solar no mundo é de 17 terawatts (1 terawatt é igual a 1 milhão de megawatts). Até 2020, este potencial poderá chegar a 20 terawatts. Os estudiosos avaliam que a terra recebe do sol 120 terawatts por ano.
Hidráulico – O Brasil usa hoje somente 34% do seu potencial hidráulico, o que mostra que o país pode aumentar muito a geração por este meio.