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Alimentação saudável e agricultura orgânica - Por Ricardo Ernesto Rose

Rose explica que agricultura orgânica é um dos segmentos da atividade agrícola que mais rapidamente vem se desenvolvendo.

Alimentação saudável e agricultura orgânica - Por Ricardo Ernesto Rose

Por Ricardo Ernesto Rose*

A agricultura orgânica é um dos segmentos da atividade agrícola que mais rapidamente vem se desenvolvendo. Segundo informação da Federação Internacional de Movimentos de Agricultura Orgânica (INFOAM), a área plantada destinada à agricultura orgânica cresceu 300% entre 1999 e 2012, chegando a 3,7 milhões de hectares cultivados. O mesmo acontece a nível internacional, onde apesar da crise econômica o mercado mundial de agricultura orgânica aumentou 6,4% entre 2011 e 2012.

A expansão deste setor pode ser notada no aumento das gôndolas destinadas a estes produtos em supermercados das grandes cidades brasileiras. Com a melhoria do poder aquisitivo de grande parcela da população, cresce também o numero de consumidores mais preocupados com os alimentos que ingerem. Aliado a isso, avança rapidamente a conscientização por uma alimentação mais saudável; por menos açúcar, sódio, gordura saturada e substâncias tóxicas nos alimentos.

Grande parte dos produtos cultivados pela agricultura convencional está contaminada por pequenas quantidades de agrotóxicos, usados para combater pragas e fortalecer o solo. Na maioria dos casos, no entanto, esta contaminação não alcança os limites fixados pela Associação Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) e não é considerada danosa à saúde humana. Uma exposição prolongada a qualquer tipo de substância tóxica, no entanto, pode trazer problemas para a saúde, causando o desenvolvimento de vários tipos de câncer, segundo os especialistas. De acordo com estes, produtos aplicados para proteger as plantações – soja e milho, por exemplo – são absorvidos pelos grãos e incorporados à ração servida aos animais de abate. Ao longo do tempo as substâncias tóxicas vão se acumulando no corpo do animal, aumentando a carga tóxica – o mesmo acontecendo nos seres humanos.

Os volumes de ração dados aos animais – contendo mínimas quantidades de agrotóxicos – não são desprezíveis. Um estudo recente constatou que são necessários 11,4 quilos de ração para produzir um frango de abate. No caso do porco, são necessários 21 quilos de ração, para produzir um quilo de carne. Um quilo de carne bovina demanda 44 quilos de ração, contendo quantidades não desprezíveis de produtos tóxicos.

Em agosto de 2012 o governo federal lançou a Política Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica (Pnapo), como objetivo de apoiar o setor em três de seus gargalos: o crédito e o financiamento, a assistência técnica e as pesquisas e o desenvolvimento de tecnologias. Segundo técnicos do setor, uma política governamental sem recursos expressivos não fará diferença no desenvolvimento da agricultura orgânica. É preciso que o governo trate o setor de orgânica em igualdade de condições com o a produção convencional; aumentando o crédito e oferecendo linhas de investimento para conversão de terras para a produção agroecológica.

Aspecto importante na comparação da agricultura convencional com a orgânica é o das externalidades, o impacto provocado pela atividade. O agricultor orgânico precisa conservar as áreas de vegetação original, deve preservar as nascentes, não pode usar produtos tóxicos. Além disso, é obrigado a periodicamente certificar sua propriedade e produção. Todas estas providências não são mandatórias na agricultura convencional, apesar desta geralmente ter um impacto ambiental bem maior.

(*) Ricardo Rose é jornalista, graduado em filosofia e pós-graduado em gestão ambiental e sociologia. Desde 1992 atua nos setores de meio ambiente e energia na área de marketing de tecnologias. É diretor de meio ambiente da Câmara Brasil-Alemanha e editor do blog “Da natureza e da cultura” (www.danaturezaedacultura.blogspot.com)