Em fase pré-operacional desde que foi fundada, em 1997, a empresa americana de sementes Ceres terá no Brasil sua primeira operação comercial a partir da safra 2014/15, afirmou o principal executivo da companhia no país, o agrônomo André Franco. Até agora, nenhuma operação da Ceres em todo o mundo gerou receita para a companhia.
No Brasil desde 2010, a Ceres desenvolve híbridos de sorgo voltados à produção de etanol e energia. Segundo Franco, o chamado “sorgo biomassa”, voltado à produção de energia como complemento ao bagaço da cana nas operações de cogeração, “está pronto” – ou seja, já pode entrar no mercado em caráter comercial. Mas, como não há mais tempo hábil para vender as sementes na atual safra, a 2013/14, a operação só terá início em 2014/15.
O executivo não revela qual é o faturamento esperado com a primeira safra comercial de sorgo biomassa e nem o volume de sementes que a Ceres estima comercializar na temporada 2014/15.
Principal aposta da companhia até a chegada de Franco, o sorgo sacarino ainda não atingiu produtividade estável para ser “viável economicamente” e ser usado como alternativa à cana-de-açúcar na produção de etanol durante a entressafra canavieira, reconhece Franco.
Na última safra, a 2012/13, o rendimento do sorgo sacarino desenvolvido pela Ceres variou bastante – de 1 mil litros a 3,6 mil litros de etanol por hectare. Para ser viável, afirma o executivo, o híbrido teria que render, de maneira estável, de 2,5 mil litros a 3 mil litros de etanol por hectare. “O sorgo sacarino vai demorar mais um pouco”, admite Franco.
Além do desenvolvimento de híbridos de sorgo sacarino e biomassa, a Ceres também busca aprovar no Brasil uma semente de sorgo transgênico. A empresa até chegou a protocolar o pedido de registro do produto geneticamente modificado na Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio), mas retirou a demanda na gestão de Franco. Segundo ele, um novo pedido de registro do sorgo transgênico será protocolado na CTNBio.
Com o Brasil na linha de frente, Franco também reconhece que, nos EUA, a aposta da Ceres no etanol de segunda geração – o chamado “etanol celulósico” – não vingou. “O etanol de segunda geração não evolui como a empresa esperava”, afirma o executivo. Esse é um dos motivos pelos quais a Ceres ainda não gerou faturamento relevante em terras americanas.
Listada na bolsa Nasdaq desde fevereiro do ano passado, quando levantou cerca de US$ 75 milhões em sua oferta inicial de ações (IPO, na sigla em inglês), a Ceres tem entre seus principais acionistas os fundos Artal Group e Warburg Pincus. No acumulado do ano fiscal de 2013 até o terceiro trimestre, encerrado em 31 de março, a Ceres teve um prejuízo líquido de US$ 25,1 milhões. A receita líquida da empresa no período foi de US$ 4,2 milhões.