A multinacional americana New Generation Power (NGP), com sede em Chicago, e o grupo Léros, de São Paulo, projetam construir uma megausina solar fotovoltaica na cidade de Taubaté, em São Paulo. O empreendimento prevê uma potência total instalada de 500 MW, mas a ideia dos empreendedores é desenvolver o projeto aos poucos, dividindo-o em módulos de 30 MW, ou a capacidade máxima permitida para que uma usina beneficie-se do desconto de 80% na tarifa de transmissão.
Estima-se que cada megawatt instalado de energia solar demande cerca de R$ 4 milhões em investimentos. Portanto, a usina de Taubaté consumiria, pelo menos, R$ 2 bilhões se toda a potência prevista no projeto fosse construída. Nos Estados Unidos, os custos das usinas solares caem a cada ano e já estão em torno de US$ 1,5 milhão por megawatt instalado, afirma a representante no Brasil da NGP, Fernanda Augusto.
A empresa americana, que desenvolve projetos de geração de energia, prevê ser majoritária no empreendimento em Taubaté, com cerca de 85% de participação, enquanto o grupo Léros deve entrar com os 15% restantes.
Segundo Kleber Léros, diretor do grupo brasileiro, três parques solares do empreendimento, que somam 90 MW de capacidade, foram inscritos para o leilão de energia nova que será promovido pelo governo federal e pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) no dia 13 de dezembro, no qual será vendida a energia produzida por projetos de geração que ficarão prontos em cinco anos (A-5).
O executivo ainda não sabe, porém, se as usinas solares serão habilitadas pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE), braço de planejamento do Ministério de Minas e Energia. O governo estendeu até o dia 18 de outubro o prazo para a inscrição no certame A-5.
Os preços que serão oferecidos nos leilões também serão determinantes. Mas as expectativa não são muito positivas. O mercado espera que os preços fiquem em patamares baixos e que poucas usinas solares saiam do papel. “Os leilão vão dar o sinal [de preços]”, disse Fernanda. Segundo ela, os empreendedores estrangeiros estão hoje mais reticentes em relação ao Brasil, o que pode fazer com que eles também não sejam muito agressivos.
Os parques solares de Taubaté não conseguiram ser incluídos no leilão de energia A-3 (para projetos que ficarão prontos em três anos), que será realizado no dia 18 de novembro. Esse será o primeiro certame já realizado no país que vai oferecer energia solar.
Foram inscritos 2,7 mil MW de energia solar fotovoltaica, de 109 usinas, e 290 MW de energia solar heliotérmica, de dez empreendimentos. Os projetos estão localizados no Nordeste, a maior parte deles na Bahia. A Renova, por exemplo, levará para o leilão usinas solares associadas aos seus parques eólicos, o que reduz o custo dos empreendimentos.
O maior desafio dos projetos solares será competir com os parques eólicos, fonte que já se consolidou no mercado brasileiro e se tornou tão barata quanto a energia hidráulica. A oferta de energia eólica inscrita no leilão A-3, em novembro, é cinco vez maior que a solar, totalizando 15 mil MW e 629 empreendimentos.
Os compradores de energia nos leilões promovidos pelo governo são as distribuidoras espalhadas pelo país (mercado regulado), que adquirem contratos de fornecimento de longo prazo, de 25 anos. Esses contratos são essenciais para viabilizar os projetos de geração porque os bancos exigem, como contrapartida para concessão de empréstimos, que os empreendimentos tenham uma receita futura garantida. No mercado livre, os contratos de fornecimento de energia ainda têm prazos muito curtos, em torno de quatro de anos.
A usina solar de Taubaté é o primeiro projeto de geração de energia alternativa de grande porte no Estado de São Paulo, onde não existem ainda parques eólicos. “A pior incidência solar no Estado é superior à melhor incidência na Alemanha [onde já existem várias usinas]”, afirma José Aníbal, secretário de Energia do Estado de São Paulo, que pretende atrair investimentos.
Os novos projetos de geração de energia não convencional estão concentrados no Nordeste, onde os índices de radiação solar e a velocidade dos ventos estão entre os melhores do mundo. Segundo Aníbal, ainda assim as condições em São Paulo são melhores que as da Europa e o Estado possui outras vantagens competitivas, como a proximidade com os centros consumidores e uma ampla rede de transmissão, o que parte dos Estados do Nordeste não têm.