A Argentina decidiu interromper as exportações de trigo, diante do aumento dos preços da farinha e do pão. O governo informou hoje aos exportadores que não vai autorizar novos embarques da safra 2012/13, disse uma fonte do setor, que preferiu não se identificar.
Ainda segundo a fonte, o governo também ordenou que os exportadores vendam às moageiras locais cerca de 370 mil toneladas de trigo que estavam prestes a ser enviadas ao exterior.
A imprensa local informou hoje que Guillermo Moreno, secretário de Comércio Interno, reuniu-se com exportadores de grãos no início desta semana para informá-los sobre as restrições às vendas de trigo e farinha. Porta-vozes de Moreno e do Ministério da Agricultura não quiseram comentar o assunto.
A medida deve forçar o Brasil – maior comprador do trigo argentino – a se voltar para outros mercados, como EUA e Canadá, para atender sua demanda pelo cereal. A Argentina foi o sétimo maior exportador de trigo do mundo durante a safra 2012/13, de acordo com o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA).
O governo argentino regula fortemente as exportações de trigo, para manter baixos os preços dos alimentos no mercado interno, o que tem enfurecido os agricultores.
A intervenção do governo no mercado de trigo tem levado os agricultores locais a plantar apenas 3 a 4 milhões de hectares por ano, em comparação com os 6,5 milhões de hectares do passado, disse Santiago Labourt, presidente da empresa ArgenTrigo. Apenas 9 milhões de toneladas de trigo foram produzidas na safra 2012/13, contra 14,5 milhões de toneladas do ano anterior.
Até 12 de junho, as exportações argentinas de trigo totalizaram pouco menos de 3 milhões de toneladas, ante 7,1 milhões de toneladas do ciclo passado, de acordo com o ministério. As vendas externas de farinha chegaram a 465,7 mil toneladas, ante 720,8 mil toneladas em 2012.