Desde os primórdios do desenvolvimento industrial, as grandes indústrias utilizam a geração de vapor para a produção energética. O problema é que, a depender do combustível utilizado, tal processo pode contribuir para a emissão de gases de efeito estufa na atmosfera, um dos principais causadores do aquecimento global. No Brasil, um projeto entre duas empresas vai possibilitar a substituição do gás natural pela biomassa como fonte energética e vapor industrial na Dow Brasil, em Candeias, na Bahia.
A Energias Renováveis do Brasil (ERB), empresa especializada em biomassa, assinou na segunda-feira, 2 de julho, um contrato de R$ 210 milhões de financiamento com recursos do BNDES para viabilizar o projeto, cuja matéria-prima é o eucalipto proveniente de reflorestamento. A ERB estima que este seja o primeiro caso no mundo do uso de biomassa como fonte de energia e vapor industrial em uma petroquímica. A ação reduzirá as emissões de CO2 da unidade industrial em 180 mil toneladas por ano.
O valor total dos recursos é de aproximadamente R$ 265 milhões, incluindo tanto os investimentos industriais quanto o plantio e cultivo de eucalipto. “Também está incluído neste montante, o valor de R$ 1,5 milhão que será exclusivamente destinado para fins socioambientais, investimento este a ser realizado em prol das comunidades localizadas no entorno da área do projeto”, explicou Paulo de Tarso Vasconcellos Neto, diretor executivo da ERB e responsável pela operação de financiamento.
O executivo acrescentou que este modelo de negócio viabiliza a geração de energia elétrica e vapor industrial em um ambiente de desenvolvimento sustentável. Ele informou que outros já estão sendo analisados e desenvolvidos tanto na Bahia quanto em outras regiões do país, seguindo o modelo integrado de produção de biomassa e energia.
Detalhes do projeto – A solução oferecida à Dow pela ERB é totalmente integrada e verticaliza a cadeia produtiva de vapor. O projeto contempla a instalação e operação de uma nova caldeira CBC-Mitsubishi com capacidade de produção de vapor de 150 toneladas por hora e a instalação de uma unidade de processamento de biomassa com capacidade de picagem de 80 toneladas por hora de madeira.
As obras civis, engenharia e montagem de todos os equipamentos serão de responsabilidade da Produman Engenharia, e o lado agroflorestal do projeto contempla o plantio próprio e manejo de um total de quase 10.000 hectares de eucalipto de reflorestamento. O projeto atenderá parte da demanda de vapor industrial das fábricas da Dow durante mais de 8.300 horas por ano, em um contrato de 18 anos de fornecimento.
O projeto industrial, já está em fase avançada de terraplanagem e os trabalhos de fundação serão iniciados nos próximos meses. Também foi iniciado o segundo ano de plantio de eucaliptos, fase que deve se estender até julho, quando acaba a estação de chuvas na região. O início da operação está previsto para o segundo semestre de 2013.