Uma oferta de aquisição hostil da empresa de agroquímicos Monsanto pela suíça Syngenta enfrentaria forte resistência no Brasil caso seguisse adiante, disseram fazendeiros e advogados, um obstáculo que poderia atrasar ou forçar maiores concessões ao acordo de 45 bilhões de dólares.
Grande parte do foco da opinião pública ficou em torno de potenciais problemas antitruste nos Estados Unidos e na União Europeia, mas os desafios também podem surgir de potências agrícolas emergentes como Brasil e China.
Particularmente o Brasil, segundo maior mercado para a Monsanto e a Syngenta, é crucial para as duas companhias. Como um dos poucos países do mundo com terras disponíveis para expandir o agronegócio, o Brasil deve superar os Estados Unidos como maior produtor de soja nos próximos anos, enquanto seu clima tropical o torna um enorme consumidor de pesticidas.
O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) pode levar até um ano, máximo de tempo permitido, para analisar um potencial acordo, disse Marcio de Carvalho Bueno, advogado especializado em questões antitruste do escritório TozziniFreire Advogados.
O escritório brasileiro da Syngenta, que já está mostrando sinais de resistência a uma oferta, classificou a ideia de resolver questões antitruste com a venda do negócio de sementes e de ativos químicos sobrepostos como “muito simplista” e disse que “vender o negócio de sementes da Syngenta desmantelaria nossa estratégia integrada em mercados emergentes como o Brasil”.
A porta-voz da Monsanto Sara Miller disse que a empresa espera “um meticuloso processo regulatório global”, mas permanece confiante de sua capacidade de “obter todas as aprovações globais necessárias”. Os fazendeiros são a prioridade número um da empresa, disse ela por e-mail.