Na área de energia, parece que o Brasil vai começar a olhar para o sol de um jeito diferente. A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) contratou projetos novos para geração de energia solar.
É a fonte de energia que mais cresce no mundo: 30% ao ano. E quem lidera esse mercado são os chineses. Ao todo, 70% de todos os equipamentos usados para transformar o sol em energia vêm daquele país.
Mas, nessa corrida, quem largou na frente foram os alemães: um terço de toda a capacidade instalada para geração de energia solar do mundo está naquele país.
O lugar mais ensolarado da Alemanha recebe menos luz do sol do que a parte mais sombria do Brasil. Se for para comparar, nenhum dos países que mais investem nessa fonte de energia pelo mundo tem mais sol do que o Brasil. Mas o que a natureza nos dá de graça e em abundância só agora começa a ser entendido como um excelente negócio.
O primeiro leilão de energia solar organizado pelo governo contratou 31 novos projetos. É energia suficiente para abastecer mais de 900 mil residências. A Bahia é o estado que lidera os investimentos. Serão, ao todo, 16 novas usinas solares. Uma delas, em um parque eólico em Caetité, a 450 quilômetros de Salvador.
A empresa decidiu aproveitar o vento forte e o sol escaldante para realizar um projeto de geração combinada. As placas solares serão instaladas no espaço existente entre os aerogeradores. A vantagem é que a energia será transmitida pela mesma rede de distribuição, onde já passa a energia do vento.
“Da mesma forma que ocorreu com a energia eólica, que hoje é extremamente competitiva com as demais fontes, deve ocorrer com a energia solar, e que ela venha ser competitiva com as demais fontes”, explica o presidente da Empresa Brasileira de Pesquisa Enérgica, Maurício Tomalsquin.
O especialista Rafael Kelman, diretor da PSR Consultoria, diz que o preço dos equipamentos solares caiu pela metade nos últimos cinco anos e deve continuar caindo. “Imagino que talvez em um patamar de dez anos essa indústria solar possa estar andando a pleno vapor e sem nenhum tipo de ajuda, competindo com as outras fontes”, avalia.
Construído este ano, sem ajuda do governo, o maior parque solar do Brasil gera energia suficiente para abastecer 2,5 mil residências em Tubarão, Santa Catarina.
“Ela é importante porque não polui, não usa combustíveis fósseis, vem da natureza. Isso por isso só já é muito bom”, destaca o diretor-presidente da Tractebel, Manoel Zaroni.