Estudo realizado pela primeira vez no Brasil mostra que as empresas instaladas no País são as que mais consomem energias renováveis no mundo, com destaque para as companhias Vale, Alcoa Alumínio, Fibria Celulose, Duratex, Klabin, Faber Castell e Autometal.
Num universo de 19 empresas pesquisadas no Brasil, 54% de todo o consumo de energia elétrica registrado em 2011 partiu de fontes limpas, informa a pesquisa elaborada pela Bloomberg New Energy Finance (Bnef), sediada em Londres, e encomendada pela Vestas, líder mundial na fabricação de turbinas eólicas.
“Trata-se de um consumo brasileiro bastante expressivo, ainda mais se considerarmos o fato de que a energia oriunda de grandes hidrelétricas ficou de fora da composição do índice”, diz Maria Gabriela da Rocha Oliveira, executiva de pesquisa para a América Latina da Bnef. As PCHs (Pequenas Centrais Hidrelétricas) são a principal fonte renovável utilizada pelas empresas brasileiras participantes da pesquisa, respondendo por 49% do consumo de renováveis em 2011.
No entanto, diz a executiva, nesse mesmo grupo de empresas pesquisadas, há relatos de consumo de energia eólica, solar, biomassa, entre outras fontes limpas. Na grande maioria dos casos, a energia renovável foi gerada pelas próprias companhias, ou seja, em projetos particulares de geração, embora haja uma tendência de aumento de contratação de energia limpa no mercado livre.
Criado em 2004, o Corporate Renowable Energy Index (Crex) tem como objetivo identificar a quantidade e a fontes de energias renováveis utilizadas por empresas em todo o mundo, com base em pesquisas detalhadas realizadas em 26 países, com mais de 300 empresas. Enquanto que no Brasil o índice Crex médio foi de 54%, nos Estados Unidos e Reino Unido, países onde essa pesquisa já é realizar por mais tempo, a taxa ficou bem abaixo disso – apenas 10% e 16%, respectivamente. O país que mais se ficou mais próximo ao índice brasileiro foi a Austrália, que registrou um índice Crex de 49% em 2011.
Segundo Maria Gabriela, mais de 500 empresas receberam o relatório de perguntas relacionadas ao consumo de energia renovável, mas apenas 19 delas responderam à enquete. A baixa adesão é considerada normal pela executiva, estando em linha com o perfil de respostas observado nos demais países contemplados pela pesquisa.
“Muitas empresas optam em ficar de fora da pesquisa, ou porque não têm dados satisfatórios em relação ao uso de energia renovável, ou porque temem aparecer em posições muito inferiores às dos seus concorrentes diretos”, justifica.
Entre as empresas situadas no Brasil que registraram a maior quantidade energia renovável consumida, destaque absoluto para a Vale, que utilizou 7,5 mil MWh em 2011, ou 52% de seu consumo total.
“Com esse resultado, a Vale figurou-se entre os cinco maiores grupos consumidores de energia limpa do mundo”, afirma.
Maria Gabriela também chama a atenção para os resultados registrados pelas empresas Faber Castell e Autometal, as únicas no Brasil a registrar 100% de consumo de energia elétrica gerado de fontes alternativas renováveis.