Fonte CEPEA

Carregando cotações...

Ver cotações

Empresas

Brasil ganha espaço no mapa da DuPont

País já responde por 25% das vendas globais de defensivos da empresa, que somam US$ 3,5 bilhões.

A multinacional americana DuPont tem apertado o passo na tentativa de conquistar uma fatia mais polpuda do mercado de defensivos agrícolas do Brasil, que já contribui com cerca de 25% do faturamento global de US$ 3,5 bilhões da divisão da múlti responsável por esse segmento. A companhia aposta em sua área de pesquisa e desenvolvimento para ampliar o portfólio e saltar da quinta para a terceira posição, em até dois anos, no ranking das maiores de agroquímicos do país, que há anos é liderado pela suíça Syngenta.

“O mercado brasileiro é muito robusto e encorajador”, disse Rik Miller, presidente da divisão de defensivos agrícolas da DuPont, ao Valor. Segundo ele, a empresa opera em 130 países, mas o Brasil está entre os “top five” e tem “extrema importância” não apenas para o portfólio existente, mas também para os próximos lançamentos. “Vim ao país para olhar as oportunidades de crescimento que temos e pensar em uma estratégia de longo prazo”, afirmou Miller durante visita ao centro de pesquisa em Paulínia (SP), unidade de referência mundial da companhia em soja, cana e café.

O intenso fluxo de executivos globais da DuPont a caminho do Brasil nos primeiros meses de 2014 chama a atenção e sugere que são mesmo grandes as apostas da empresa no país. Miller veio no fim da semana passada, na companhia da diretora de tecnologia Kathleen Shelton, que lidera a área de pesquisa de agroquímicos da múlti. A CEO mundial do grupo, Ellen Kullman, deverá desembarcar no país na semana que vem, depois do vice-presidente-executivo James Borel ter feito o mesmo em fevereiro.

A justificativa para tamanho interesse também passa pela reestruturação promovida pela DuPont em outubro de 2013, quando a tradicional área de químicos foi separada do restante da companhia e o foco foi redirecionado para o campo – o que transformou os defensivos em um “elemento decisivo” para a empresa, conforme Miller.

No ano passado, esses produtos foram responsáveis por quase 10% da receita total da DuPont, de US$ 36,1 bilhões (todo o segmento agrícola, que combina ainda o negócio de sementes, representou 32% desse montante). No Brasil, a empresa registrou um faturamento de R$ 850 milhões com as vendas de agroquímicos, um crescimento de 35% na comparação com 2012 – e o objetivo é continuar a crescer na casa dos dois dígitos por ano.

Globalmente, a expectativa da DuPont é que sua divisão de defensivos ajude a “empurrar” a operação agrícola como um todo a crescimentos médios anuais de 8% a 10% em receita e 15% em lucro nos próximos cinco anos.

As projeções da companhia embutem um ritmo mais acelerado do que sinalizam as estimativas para o restante do segmento. De acordo com Miller, o mercado mundial de defensivos movimenta atualmente cerca de US$ 50 bilhões e a previsão é que cresça entre 4% e 5% por ano. Entretanto, nos últimos três anos, acrescenta o executivo, esse mercado cresceu até mais rapidamente, por conta da valorização das commodities e da demanda por insumos que pudessem ajudar a ampliar a produtividade.

“Não acreditamos que os preços das commodities continuarão nessa tendência [de forte alta], mas as necessidades básicas de insumos para produzir mais alimentos persistirão. Precisamos produzir mais alimentos, com mais qualidade, em menos tempo e em menos hectares”.

Para tentar dar conta dessa equação, a DuPont decidiu há uma década reforçar seu “pipeline” (conjunto de produtos em desenvolvimento) de agroquímicos. Miller não revela detalhes, mas diz que 60% dos investimentos feitos anualmente pela companhia (o equivalente a US$ 1,1 bilhão) são destinados a pesquisas agrícolas.

A “menina dos olhos” da DuPont nessa nova safra de moléculas é o Rynaxypyr, lançado há três anos e usado no combate a lagartas da soja e do algodão (inclusive a helicoverpa). Mas as expectativas são grandes também com o Cyazypyr, inseticida direcionado à cultura do café – e que já está há quatro anos “na fila” à espera de aprovação no Brasil. “Temos um fungicida e alguns herbicidas que trabalhamos por conta do desafio com variedades resistentes ao glifosato, mas esses levarão mais tempo”, afirmou a diretora Kathleen Shelton.

Segundo ela, a meta da DuPont é introduzir ao menos um novo produto por ano. “Temos trabalhado duro, não só para criar moléculas, mas para fazer com que elas avancem no pipeline, o que requer testes de toxicologia, a campo, otimização da formulação e das aplicações”.

A múlti calcula que os novos agroquímicos que serão lançados têm um potencial de vendas de mais de US$ 1 bilhão nos próximos anos. “Mais importante ainda será a entrada dos produtos já lançados em novos mercados e a oportunidade de aumento de market share que isso trará”, afirmou Miller.