O Brasil iniciará as negociações do novo acordo global do clima, que deve ser concluído em 2015 para vigorar em 2020, com uma nova equipe de negociadores.
Segundo apuração, o novo chefe dos negociadores será José Antônio Marcondes de Carvalho, atual embaixador do Brasil na Venezuela. Seu braço direito deve ser Benedicto Fonseca Filho, diretor-geral do Departamento de Cooperação Científica, Técnica e Tecnológica do Ministério das Relações Exteriores.
A troca da equipe ocorre em uma nova e delicada fase da negociação climática. A meta é o novo acordo, que inclua todos os países e seja fechado em 2015, mas a perspectiva não é boa.
A crise econômica jogou o tema para segundo plano na política europeia, enfraquecendo as posições de vanguarda do bloco. O indício mais forte disso é a fragilidade do mercado de créditos de carbono europeu, o único que, até agora, fazia diferença no cenário de redução de emissões de gases-estufa.
As negociações internacionais avançaram pouco nas últimas rodadas. Garantiu-se a continuidade do Protocolo de Kyoto, o único instrumento internacional que existe hoje sobre o assunto. Mas Kyoto é um acordo enfraquecido e de eficácia discutível diante do impacto das mudanças climáticas.
Na semana passada, em Bonn, na Alemanha, delegações de vários países estiveram reunidos pela primeira vez para discutirem novos elementos para o acordo futuro. O encontro não tinha caráter deliberativo. Em setembro sairá a primeira parte do 5º relatório do IPCC, o braço científico das Nações Unidas, sobre o estado atual da mudança do clima e os cenários futuros – já se sabe que limitar o aquecimento da temperatura da Terra a 2º até 2100, o que poderia diminuir os impactos do fenômeno, é meta que não deverá mais ser atingida. As negociações não acompanham o ritmo de urgência que os cientistas imprimem ao tema.
Por enquanto, o único avanço foi criar dois grupos de negociação. Um deles negocia o novo acordo, o chamado pós-2020 enquanto o outro busca o que os países podem fazer até 2020. No fim do ano, uma nova rodada de negociações acontece em Varsóvia, na Polônia. Não se esperam grandes decisões.
Marcondes de Carvalho deve substituir o embaixador Luiz Alberto Figueiredo Machado, subsecretário-geral de Meio Ambiente, Energia, Ciência e Tecnologia do MRE e negociador-chefe do Brasil nos processos de mudança do clima desde 2005. Figueiredo será o próximo representante do Brasil nas Nações Unidas, em Nova York.
Marcondes de Carvalho é gaúcho, cursou Direito e é diplomata de carreira desde 1976. Foi diretor-geral de Integração Latino-Americana do Itamaraty e se ocupou de assuntos do Mercosul. Serviu nas embaixadas do Brasil em Washington e Havana e na Missão do Brasil junto às Nações Unidas em NY. Trabalhou nas áreas econômica, de integração e de ambiente. Foi o embaixador do Brasil na agência da ONU para agricultura e alimentação (FAO). Já o carioca Fonseca Filho, por seu turno, ocupará o lugar do embaixador André Aranha Corrêa do Lago.