Mesmo com um crescimento projetado aquém do registrado na última década, o agronegócio brasileiro seguirá com desempenho superior ao restante do mundo em relação às exportações e deve aumentar sua participação no mercado global em diversas culturas nos próximos dez anos.
A avaliação é da equipe do Departamento de Agronegócio da Fiesp (Deagro), responsável pela elaboração do Outlook 2025, que reúne diagnósticos e projeções para o setor na próxima década.
Segundo a nova edição do Outlook, atualizado todos os anos, as exportações brasileiras de soja devem crescer a uma taxa de 4,7% ao ano até 2025, quando o país responderá por metade das exportações globais, fortalecendo cada vez mais a atual posição do Brasil como o maior exportador do grão. Atualmente, a participação brasileira é de 40%.
O açúcar brasileiro é outro destaque e também deve aumentar a já expressiva presença no mercado internacional até 2025, podendo alcançar até 46% de market share nas exportações. O consumo interno para a safra de 2025/2026, por sua vez, deverá crescer somente 6% no período projetado, em linha com o aumento populacional, totalizando 12,1 milhões de toneladas.
As vendas externas de carne de frango do Brasil também seguirão crescendo a taxas significativas pelos próximos 10 anos. O Deagro estima que as exportações devem ter um aumento anual de 3,2%, alcançando 41% de participação no mercado mundial, contra os atuais 39%. Embora o crescimento seja expressivo e se dê acima da média mundial para o período (2,8 a.a.%), ele será, como na maioria das commodities avaliadas, inferior à expansão verificada na década anterior (5,2% ao ano). Exceção é feita à carne suína, cuja expectativa é de um crescimento mais robusto das exportações na próxima década do que o verificado no passado.
Em um cenário tão intenso de desaceleração econômica, houve uma forte revisão para baixo nas taxas de crescimento do consumo doméstico em relação ao ano anterior, especialmente para as carnes, esclarece Antonio Carlos Costa, gerente do Departamento do Agronegócio da Fiesp. Ainda assim, a estimativa de incremento da produção não sofreu maiores alterações, o que deixa muito evidente a importância das exportações para a manutenção do nível da atividade no País, completa Costa.
Costa ressalta ainda a dificuldade em traçar projeções numa época de instabilidade política e econômica como esta que o país enfrenta agora. Como o mercado doméstico é o vetor de crescimento para grande parte do agronegócio – especialmente proteínas animais, como leite, ovos e as carnes – o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) e a retomada da confiança, tanto por parte do consumidor quanto dos empresários, são elementos essenciais para assegurar o bom desempenho futuro do agronegócio.
Fertilizantes
Soja, milho e cana continuarão sendo as principais culturas demandantes de fertilizantes com, respectivamente, 38%, 21% e 11% do consumo total em 2024. A dependência do Brasil em relação à importação desses produtos dependerá, no entanto, da ampliação da capacidade de produção brasileira.
Para traçar a projeção da produção nacional de fertilizantes, o Outlook Fiesp considerou dois cenários: no primeiro, os investimentos previstos em novas fábricas sairão dentro do período projetado, e no segundo, que pode ser considerado mais realista na conjuntura atual, frente ao cenário de retração dos investimentos, apenas uma parte dos projetos será efetivamente implementada nos próximos dez anos.
Ao final dos dez anos, a diferença entre os cenários é bastante significativa. Enquanto no primeiro a produção de NPK cresce 117%, no segundo o incremento é de apenas 41%, insuficiente para reduzir a forte dependência externa, que chegaria a 79% neste caso, ao final da próxima década. Mesmo que a visão mais otimista prevaleça, apesar da redução da participação do produto importado, o Brasil continua fortemente dependente das compras externas, que chegariam a 66% do consumo doméstico.