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Cepea/exportação: Mesmo a preços menores, volume exportado pelo agronegócio segue crescente

Em junho, especificamente, o setor representou de 45,9% das exportações totais do País.

Cepea/exportação: Mesmo a preços menores, volume exportado pelo agronegócio segue crescente

O agronegócio segue dando sua contribuição para a balança comercial. No primeiro semestre, mesmo com a queda de aproximadamente 10% dos preços em Real (a queda em dólar foi de quase 17% e o câmbio efetivo melhorou apenas 8%), o volume exportado aumentou 4,74% no comparativo com o primeiro semestre do ano passado, conforme cálculos do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP. Em junho, especificamente, o setor representou de 45,9% das exportações totais do País.
 
Refletindo esse desempenho, cálculos do Cepea apontam que o faturamento em dólar das exportações do agronegócio brasileiro baixou para a casa dos US$ 43 bilhões, o que representou queda de aproximadamente 12% frente ao mesmo período de 2014. Em moeda nacional, a diminuição da receita agregada foi de aproximadamente 5%.
 
Nos seis primeiros meses de 2015, grande parte dos produtos apresentou crescimento no volume de vendas externas frente ao primeiro semestre de 2014. Um dos destaques foi o suco de laranja, que teve seus embarques ampliados em 23,7% – principais compradores foram Bélgica, Holanda, Estados Unidos e Japão. Outros produtos que também tiveram aumento do volume embarcado foram: farelo de soja (11,74%), frutas (11,28%), madeira (7,74%), óleo de soja (5,35%), celulose (4,53%), carnes de aves (3,15%), açúcar (2,23%) e soja em grão (1,40%). Os embarques de café se mantiveram praticamente estáveis (0,32%), enquanto caíram as vendas externas de etanol (32,28%), das carnes bovinas (17,94%) e suínas (5,02%), além do milho, que teve diminuição de 0,61%.
 

O câmbio real do agronegócio (calculado pelo Cepea com base numa cesta de 10 moedas) teve alta de aproximadamente 8% na comparação semestral – média do primeiro semestre/2015 contra primeiro/2014 –, enquanto os preços em dólares caíram mais de 17%. O café foi o único produto analisado que não teve redução dos preços em dólar.
 
Diante dessa combinação, os preços internalizados em reais (IAT-Agro/Cepea), que representam a atratividade das exportações agro, baixaram cerca de 10% no primeiro semestre de 2015 frente a igual período de 2014. Pesaram para esse resultado as quedas (em moeda nacional) das carnes de aves e suína, açúcar, etanol e de todo o completo soja (grão, farelo e óleo), que se sobrepuseram à variação positiva dos preços internalizados do café, suco de laranja, celulose, madeira, carne bovina, frutas e milho.

A desvalorização do Real pouco acima de 8% na média do semestre colaborou para a atratividade de boa parte dos produtos exportados pelo agronegócio nacional nesse primeiro semestre de 2015, amenizando o efeito da forte redução dos preços médios de exportação sobre o faturamento do setor. Com isso, os preços internalizados em reais (IAT-Agro/Cepea) do café, suco de laranja, celulose, madeira, carne bovina, frutas e milho tiveram variação positiva. No caso das carnes de aves e suína, açúcar, óleo de soja, etanol, soja em grão e o farelo de soja, os preços em reais permaneceram com variações negativas, porém bem mais amenas do que os valores externos desses produtos.

A China permanece como o principal destino das exportações do agronegócio brasileiro, com a pauta bastante concentrada nos produtos do complexo da soja, explicam pesquisadores do Cepea. Esse país absorveu no primeiro semestre deste ano 76,5% da soja em grão exportada pelo Brasil, 0,02% do farelo de soja e 14,8% do óleo de soja. No caso do mercado de óleo de soja, o destaque em termos de destino das exportações nacionais foi a Índia, que comprou 45,4% do produto.

O mercado de café teve como principais destinos no primeiro semestre os Estados Unidos e a Alemanha, enquanto as carnes de aves seguiram, em especial, para a Arábia Saudita, Japão, China, Emirados Árabes Unidos, Holanda, Hong Kong e Coréia do Sul. A carne bovina teve como compradores principais Hong Kong, Rússia, Egito, Venezuela, Irã e Chile; e a carne suína continuou concentrada na Rússia (aproximadamente 50%).  

DE 2000 PARA CÁ – Analisando os últimos 16 anos, pesquisadores do Cepea destacam que o ciclo de alta dos preços internacionais das commodities agropecuárias chegou ao fim em 2011. Porém, os preços em dólares (IPE-Agro/Cepea) dos produtos exportados pelo agronegócio ainda apresentam alta de 73,3% no acumulado deste período (até jun/15). De 2002 a 2008, houve tendência de crescimento, com queda pontual em 2009 devido à crise internacional. Em 2010, os preços em dólares voltaram a se recuperar, atingindo em 2011 a maior valorização do período. A partir de então, a tendência tem sido de baixa, comentam.

A taxa de câmbio efetiva real do agronegócio (IC-Agro/Cepea), ou seja, tirando-se o efeito da inflação, o Real se valorizou 45% na comparação da média do primeiro semestre de 2015 com a de 2000. Observe-se, a propósito, que a moeda nacional se manteve mais estável em termos reais de 2011 a 2014, com tendência a maior desvalorização em 2015 – na média do primeiro semestre de 2015, houve perda de 7,6% frente ao ano de 2014.

Os preços internalizados (em reais), que representam a atratividade das exportações nacionais (IAT-Agro/Cepea), diminuíram aproximadamente 6%, comparando-se a média do primeiro semestre de 2015 com a de 2000. O volume exportado (medido pelo IVE-Agro/Cepea), por sua vez, apresentou crescimento de mais de 234% no período como um todo. Em resumo, nos últimos 16 anos, os preços em dólares aumentaram 73,3%, o câmbio em termos reais (deflacionado) caiu perto de 45% e os preços internalizados diminuíram pouco mais de 4%, caracterizando significativa estabilidade. Mesmo assim, o agronegócio aumentou o volume anual exportado em 235% aproximadamente e o faturamento anual em dólares em 480%.

Para os próximos meses, caso se mantenha a desvalorização do Real, as quantidades exportadas devem continuar se recuperando. No entanto, pesquisadores do Cepea alertam que, diante das condições atuais de oferta, não são esperados grandes aumentos de preços. Isso ocorreria caso houvesse mudanças significativas de demanda ou reduções na produção dos principais produtores, causadas por eventos climáticos adversos.