A China divulgou nesta quarta (23/03) um plano de desenvolvimento de energia a partir do hidrogênio para o período de 2021 a 2035. O objetivo é que a produção anual de hidrogênio verde no país seja de 100 mil a 200 mil toneladas até 2025.
Com isso, o plano pretende reduzir as emissões de dióxido de carbono de 1 milhão a 2 milhões de toneladas por ano.
“O hidrogênio verde é o único tipo produzido de maneira neutra em termos climáticos que pode reduzir as emissões”, disse o governo chinês, em comunicado divulgado à imprensa.
Hoje, o país é o maior produtor de hidrogênio do mundo, com uma produção anual de cerca de 33 milhões de toneladas — quase em sua totalidade de origem fóssil.
Do lado da demanda, o plano chinês espera ampliar o uso industrial e energético do hidrogênio verde até 2030, quando se estima que será o pico das emissões de carbono no país.
“Até 2035, a proporção de hidrogênio produzido a partir de energia renovável no consumo de energia terminal aumentará significativamente, o que desempenha um importante papel na transformação de energia verde do país”, afirmou o comunicado oficial.
China está “atrasada”
No início do mês, legisladores pediram ao governo políticas mais preferenciais que pudessem ajudar a explorar o potencial do hidrogênio no país.
“O país ainda está atrasado em termos de tecnologias e equipamentos essenciais para o desenvolvimento de energia de hidrogênio e células de combustível de hidrogênio”, disse Zhang Tianren, deputado do Congresso Nacional.
Zhang, que também é presidente do Grupo Tianneng, um dos maiores fabricantes de baterias da China, deu como exemplo o desenvolvimento “lento” de veículos com células a combustível de hidrogênio e a falta de apoio político para estender a aplicação do hidrogênio a outros setores.
Até o final do ano passado, o número de veículos elétricos na China atingiu 7,8 milhões. Desses, apenas 8.400 eram movidos a células de combustível de hidrogênio, disse o deputado.
“A indústria de veículos movidos a células de combustível de hidrogênio ainda está em seus estágios iniciais de desenvolvimento”, concluiu.
Expansão de fósseis também na agenda
À medida que corre em direção a seus objetivos de neutralidade, a China também aposta no aumento da produção de carvão, petróleo e gás natural.
Na terça (22/03), autoridades chinesas divulgaram o 14º Plano Quinquenal de energia (2021-25), que promete aumentar a capacidade anual de produção doméstica de carvão padrão para mais de 4,6 bilhões de toneladas até 2025.
Em 2021, a produção chinesa de carvão alcançou uma marca histórica de 4,07 bilhões de toneladas, um aumento de 4,7% em relação ao ano anterior.
O plano também definiu um aumento gradual da produção anual de petróleo para cerca de 200 milhões de toneladas, e uma produção anual de gás natural que exceda 230 bilhões de metros cúbicos, segundo a Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma (NDRC) e pela Administração Nacional de Energia do país.
Contudo, a NDRC acredita que a participação de energia renovável no consumo da China deve aumentar 20% até 2025, representando 39% da geração de energia — hoje a participação é de 16%.
Esse objetivo deve ser alcançado, principalmente, com a expansão da geração distribuída de energia fotovoltaica.
Carvão limpo
No mesmo dia da divulgação do Plano Quinquenal, o vice-primeiro-ministro da China, Han Zheng, defendeu que o país deveria promover o “carvão limpo”, e reforçou o papel fundamental do carvão no abastecimento de energia.
“O uso limpo e eficiente do carvão é um caminho vital para alcançar o pico de carbono do país e as metas de neutralidade de carbono”, disse.
Carvão limpo é um termo da indústria que se refere ao aumento da eficiência na mineração e uso energético do carvão, que seja capaz de reduzir as emissões e os impactos ambientais causados pela sua exploração e queima.
“O país deve ampliar o apoio financeiro ao carvão limpo, com medidas para ancorar a expectativa do mercado e incentivar a participação do capital social”, acrescentou Han.