Uma equipe de cientistas da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC) em Portugal, estabeleceu um laboratório de bioeletrônica e bioenergia com o propósito de pesquisar a geração de energia limpa e sustentável através da comunicação entre microalgas.
O projeto “Generating Energy from Electroactive Algae” (GREEN) foi um dos contemplados com financiamento pelas bolsas “Starting Grant” do Conselho Europeu de Pesquisa (ERC), tendo recebido 2,2 milhões de euros em 2020.
“Este novo laboratório serve como base para estudos emergentes sobre bioeletricidade. A instrumentação disponível permite a medição de uma ampla gama de sinais, desde sinais lentos provenientes dos microrganismos que estamos tentando utilizar para gerar energia, até sinais de alta frequência, como os de algumas células do cérebro humano. Acredito que este espaço será uma valiosa contribuição para a ciência multidisciplinar”, afirma Paulo Rocha, professor associado no Departamento de Ciências da Vida (DCV) e pesquisador do Centro de Ecologia Funcional (CFE).
“Até o momento, além do laboratório de pesquisa, desenvolvemos sensores que podem detectar a comunicação entre microrganismos, em particular microalgas e bactérias”, revela o professor da FCTUC, acrescentando que sua equipe tem investigado se esses microrganismos se comunicam, por que o fazem e se é possível capturar e armazenar esses sinais para utilização em eletrônica.
“Começamos estudando algumas espécies de microalgas para entender o tipo de comunicação que ocorre entre elas. Na verdade, nossa equipe publicou recentemente um artigo demonstrando a existência dessa comunicação entre esses microrganismos, e que ela ocorre através de canais iônicos – medidos por diversos sensores desenvolvidos por nossa equipe e colaboradores”, afirma.
“Se conseguirmos armazenar eficazmente esses sinais bioelétricos, teremos uma fonte de energia renovável. Essa é a principal ambição do projeto”, assegura o cientista.
Segundo Paulo Rocha, a origem desses sinais elétricos ainda é desconhecida, mas já existem evidências de que se trata de uma reação ao estresse e até de uma adaptação a certas condições. Portanto, pelo menos até 2025, a equipe continuará a trabalhar com o objetivo de desvendar esse fenômeno e, acima de tudo, alcançar uma nova fonte de energia renovável.