As chuvas que se estenderam até o início de abril atrasaram as exportações de soja pelo Porto de Paranaguá, o que teve reflexo no saldo negativo da balança comercial paranaense do mês. O Estado embarcou 1,8 bilhão de quilos do grão no primeiro quadrimestre do ano, 17% a menos do que 2,1 bilhões de quilos do mesmo período do ano passado. Mesmo com a queda no preço do produto pelo aumento de produção em 2013, houve queda de 7,8% nos valores de tudo o que foi embarcado de soja, que totalizou US$ 956,2 milhões, segundo o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC).
Dependente das commodities, a balança comercial paranaense registrou em abril US$ 1,581 bilhão em exportações e US$ 1,723 bilhão em importações, saldo negativo em R$ de 141,8 milhões. No acumulado dos quatro primeiros meses do ano, o saldo negativo já chega a US$ 1,127 bilhão.
Segundo estimativa da regional do Paraná da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), o Paraná deve exportar 8 bilhões de quilos de soja neste ano, ou 29% a mais do que os 6,2 bilhões de quilos do ano passado. Técnico e ex-presidente do órgão, Eugenio Stefanelo afirma que a exportação do grão deve bater recorde em maio. “Mas, com o plantio atrasado nos Estados Unidos e a previsão de termos clima normal, sem quebra de safra neste ano, o preço será mais baixo”, diz.
O milho, que assumiu a segunda colocação neste ano na balança estadual, deve perder posições ao longo do ano. Stefanelo lembra que o bom resultado, com US$ 362,8 milhões em exportações no acumulado, ainda refletem as excelentes vendas para o exterior de 2012. “Fechou o ano passado com recorde e continuou elevado no início do ano pela quebra de safra norte-americana, mas não vai se repetir”, conta. Ele afirma, porém, que produtores que negociaram o produto antecipadamente terão melhor rendimento.
Interferência do Câmbio – O economista Francisco Castro, do Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes), afirma que o Paraná segue a mesma linha nacional de dependência das commodities para exportações. “São produtos que estão sujeitos ao preço internacional e ao câmbio”, diz. Ele cita que a balança comercial do Estado e do País ainda estão sob efeito das condições climáticas do ano passado e da crise mundial.
Para o economista Roberto Zurcher, da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep), a tendência é que as exportações de grãos equilibrem um pouco a conta a partir de maio. Ele também diz que houve queda nas exportações e nas importações, em parte, pelo fato de o dólar ter se valorizado em relação ao real. “A importação de bens de consumo caiu e isso mostra que nosso consumo interno está em queda por causa da mudança no câmbio.”
Apesar de constatar a redução das exportações industriais, Zurcher vê com otimismo ao menos o aumento das importações de bens de capital. “Isso mostra que a indústria está comprando mais máquinas e equipamentos”, diz, sobre indicador que aponta para aumento da produtividade.