O tempo mais seco na última semana ajudou no andamento da colheita da segunda safra de milho do país, que deverá ser recorde, em meio a boas condições para o desenvolvimento das lavouras que estão em fase de maturação, disseram especialistas.
Em Mato Grosso, maior produtor de milho do Brasil na segunda safra, a colheita saltou para 39,5 por cento da área total, avanço de mais de 15 pontos percentuais na comparação com a semana anterior, apontou na sexta-feira (12) o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), órgão ligado aos produtores rurais.
“O clima em Mato Grosso é sempre ótimo (para a colheita da safrinha de milho). Como está um clima bom e seco, os produtores estão colhendo”, disse o analista de grãos Ângelo Luís Ozelame, do Imea.
Um atraso de quase dez pontos percentuais na colheita de Mato Grosso ante um ano atrás deve ser atribuído ao plantio tardio em 2013, após chuvas que atrapalharam a colheita da soja cultivada antes do milho, destacou o técnico, sediado em Cuiabá.
A produtividade média até o momento está em 106 sacas por hectare, um índice considerado muito bom pelos técnicos.
À medida que as lavouras plantadas mais tarde – dentro de uma janela de maior risco climático – forem sendo colhidas, a produtividade deverá cair, atingindo 96 sacas por hectare, destacou Ozelame.
Paraná – No Paraná, segundo maior produtor de milho safrinha, o desenvolvimento desta fase final da safra também é muito bom, com período de seca após chuvas prolongadas, disseram técnicos.
“Teve alguma dificuldade com chuvas na semana passada, mas agora as coisas estão se normalizando. A colheita está a pleno vapor”, disse o engenheiro agrônomo da Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar) Robson Mafioletti.
Ele estima colheita já realizada em 15 por cento na média do Paraná, com trabalhos ainda mais avançados na região oeste.
Na região de Maringá, norte do Paraná, por exemplo, os técnicos do Departamento de Economia Rural (Deral), do governo estadual, informaram que o milho teve nesta semana sua colheita intensificada.
“As primeiras áreas estão se destacando em produtividade, chegando à aproximadamente 8.000 kg por hectare (133 sacas/hectare)”, segundo boletim diário publicado pela entidade.
Nas lavouras da região de Toledo, no oeste do Estado, a colheita tem avançado, mas com presença de grãos ardidos e brotados, embora ainda dentro da média aceita pela indústria compradora.
“As produtividades são boas”, acrescentou o Deral, no relatório.
A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) elevou esta semana a projeção para a colheita da segunda safra, para 44,24 milhões de toneladas, cerca de 600 mil toneladas a mais que na estimativa de junho, reforçando os indicativos de uma safra recorde do cereal.
Em um levantamento publicado no início da semana, a consultoria Clarivi estimou que a colheita de milho segunda safra em todo o país foi realizada em 18 por cento da área plantada, contra 11 por cento uma semana antes e 17 por cento um ano atrás.
A entrada da safra no mercado tem pressionado os preços no mercado nacional. O indicador Esalq/BM&FBovespa, referente à região de Campinas (SP), caiu 2,3 por cento na quinta-feira na comparação com uma semana antes, a 25,24 reais por saca de 60 kg.
As projeções oficiais são de que o Brasil vai exportar 15 milhões de toneladas de milho na safra 2012/13, abaixo dos 22,3 milhões de toneladas da temporada anterior, mas ainda um dos maiores volumes da história.