Pressionadas pela maior oferta, as commodities agropecuárias negociadas na BM&FBovespa tiveram mais um mês de baixa em agosto. Em queda livre, o café arábica foi o principal destaque e atingiu o menor valor desde julho de 2009. A exceção ficou por conta do etanol, que registrou alta.
Conforme levantamento do Valor Data com base nos contratos futuros de segunda posição de entrega (geralmente, os mais negociados), o preço médio do café arábica recuou 3,57% em agosto ante a média do mês anterior, a US$ 145,43 a saca de 60 quilos. Trata-se do menor preço médio desde julho de 2009. Em 2013, a queda é ainda maior, de 22,38%.
De modo geral, o café arábica é bastante pressionado pela oferta abundante. Não bastasse um estoque mundial elevado, a colheita da safra 2013/14 do Brasil, que está na reta final, é a maior da história para um ano de baixa produtividade no ciclo bianual dos cafezais. De acordo com a última estimativa da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), o Brasil deve colher 48,5 milhões de sacas de café.
Além da maior oferta, a valorização do dólar ante o real foi mais um estímulo às exportações de café brasileiro, colocando uma pressão adicional sobre os preços em dólar.
No caso de milho e soja, a colheita recorde no Brasil continua a determinar os preços. Em agosto, a cotação média da soja na bolsa paulista caiu 1,14% em relação à média do mês anterior, a US$ 28,29 a saca. No acumulado do ano, o preço médio da oleaginosa já caiu 7,22%. Já a cotação média do milho em agosto foi de R$ 24,14 por casa, retração de 0,66% ante a média de julho. Em 2013, o grão registra queda de 25,26%.
Depois de se valorizar de maneira “atípica” em plena safra devido à forte demanda dos frigoríficos, os contratos futuros de boi gordo ficaram estáveis em agosto, negociados, em média, a R$ 102,41 por arroba, leve queda de 0,01%. Em 2013, o preço médio do animal pronto para o abate subiu 8,17%.
Apesar da estabilidade dos preços em agosto, a analista da FCStone, Lygia Pimental, explica que o boi registrou forte volatilidade no período. “Tivemos uma forte pressão de baixa no início do mês e uma forte pressão de alta no fim”, afirma ela.
A analista explica que, no início do mês passado, o clima prejudicou as condições das pastagens, incentivando os pecuaristas a vender o gado que estava no pasto. Em contrapartida, o estímulo provocou uma forte restrição de oferta no fim do mês. “Os estoques de carne enxugaram e tivemos valores que não víamos desde 2011”, afirma ela.
Exceção em agosto, o preço médio dos contratos futuros de etanol subiram 2,35% ante a média do mês anterior, para R$ 1,054 mil por metro cúbico. No ano, no entanto, a cotação média do biocombustível recuou 10,46%, pressionada pela maior produção de cana-de-açúcar na região Centro-Sul do país.
De acordo com os últimos dados divulgados pela União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), a moagem de cana no acumulado da safra 2013/14 até a primeira quinzena de agosto no Centro-Sul totalizou 315,1 milhões de tonelada, crescimento de 20,68% na comparação com o mesmo intervalo da temporada anterior. Desde o início do ciclo, a produção de etanol chegou a 13,2 bilhões de litros.