A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) voltará a reduzir sua estimativa para a produção brasileira de grãos nesta safra 2013/14. Os técnicos da autarquia vinculada ao Ministério da Agricultura ainda estão realizando pesquisas de campo para determinar o tamanho do ajuste, mas já é praticamente certo que o levantamento que será divulgado no dia 12 de março sinalizará um volume total menor que o previsto atualmente, sobretudo por conta das adversidades climáticas que têm afetado lavouras de soja no Paraná e em Mato Grosso.
No levantamento que divulgou no início de fevereiro, a Conab estimou a produção de grãos do país em 193,6 milhões de toneladas, ante as 196,7 milhões projetadas em janeiro e as 186,9 milhões do ciclo 2012/13. Se confirmado, o volume previsto representará um novo recorde. Para a soja, carro-chefe do campo nacional, a Conab ajustou o cálculo para 90 milhões de toneladas, 300 mil a menos que em janeiro e volume 10,4% superior ao apurado na temporada anterior.
Ainda que as informações preliminares enviadas pelos técnicos da Conab indiquem uma redução das chuvas em Mato Grosso e o aumento da umidade do solo em regiões produtores do Paraná e do Rio Grande do Sul, os problemas das últimas semanas tendem a provocar um corte na estimativa para a colheita de soja de entre 300 mil e 2 milhões de toneladas – ou seja, a colheita ficará projetada entre 88 milhões e 89,7 milhões de toneladas. E já há previsões privadas mais pessimistas. O banco Pine, por exemplo, ontem divulgou que já trabalha com 86,5 milhões.
Como afetaram a colheita de soja, as fortes chuvas que caíram em importantes polos mato-grossenses também atrasaram o plantio do milho safrinha, cuja produção também deverá ser revista pela Conab. No levantamento divulgado no início de fevereiro, a safrinha do cereal foi projetada em 42,8 milhões de toneladas, 7,2% menos que no ciclo anterior, e a produção total de milho foi estimada em 75,5 milhões de toneladas, queda de 6,8% em igual comparação.
Tais ajustes estão sendo esperados com ansiedade pelo mercado, uma vez que as intempéries brasileiras têm colaborado para oferecer sustentação às cotações da soja no país e no exterior. “Ainda faltam informações claras sobre o impacto do clima, mas também há outros motivos que têm ajudado as cotações a subir”, diz Sterling Smith, analista do Citigroup em Chicago.
“Em primeiro lugar, a demanda internacional parece estar aquecida para essa época do ano, quando normalmente são registrados mais cancelamentos de compras [sobretudo por parte da China, maior país importador de soja em grão do mundo]. Além disso, os investidores estão aproveitando para lucrar com as recentes altas do grão”, disse. Segundo Pedro Dejneka, da PHDerivativos Consultoria, o mercado está avaliando de forma “equivocada” os reais impactos do clima no Brasil. Ontem, na bolsa de Chicago, os contratos futuros do grão voltaram a subir por conta das preocupações com a produção em Brasil e Argentina.