O apetite do mercado consumidor brasileiro ajudou a criar um déficit recorde, de mais de US$ 6 bilhões no comércio exterior, no primeiro quadrimestre do ano, segundo dados divulgados ontem pelo Ministério do Desenvolvimento. A queda nas exportações e o crescimento das importações de petróleo, principalmente devido ao aumento do consumo interno, foram decisivos para o mau desempenho da balança comercial, como explicou a secretária de Comércio Exterior, Tatiana Prazeres.
À exceção dos automóveis, cujas importações caíram 22%, houve forte aumento das compras de bens de consumo, especialmente não duráveis, que aumentaram 23% em abril, comparadas a abril de 2012. A importação de produtos de toucador, como cosméticos, cresceu 55%, a de vestuário, 35%, e de produtos farmacêuticos, 24%.
Na soma total, apesar da queda de 4%, as exportações brasileiras, fortemente baseadas em commodities, só ficaram abaixo dos valores recorde dos dois anos anteriores, e estão bem acima do resultado de todo o resto da última década. Em abril houve ainda forte influência negativa da queda de 62% nas vendas de aviões, que os exportadores dizem ser “pontual”, sem risco para o desempenho agregado do ano.
Com a evolução dos embarques de soja, a recuperação registrada no mercado para o minério de ferro e o bom desempenho de produtos como o açúcar, a tendência é de pequena melhora, apesar das quedas de preços de algumas commodities. Entre os cinco principais produtos básicos exportados pelo Brasil, que somam 60% do total das vendas desse tipo de mercadoria, o único a ter queda na exportação foi o petróleo – que teve menor produção com a manutenção de plataformas da Petrobras e ainda deixou de ser exportado para atender à demanda interna.
Sem considerar o petróleo, as vendas totais de básicos teriam registrado aumento de 13,8% em abril, comparado a abril de 2012, e não queda de 5,5%. Nas exportações de commodities importantes, o país compensou com maior volume as quedas no preço ou vice-versa: no primeiro quadrimestre, a queda de 1,7% na quantidade de minério de ferro exportado, por exemplo, foi minimizada pela pequena recuperação, de 3,5%, no preço. As exportações de milho cresceram mais de 400%.