A 22ª edição da Conferência das Nações Unidas (ONU) sobre mudanças climáticas (COP22) que começa hoje (07/11) em Marrakesh, Marrocos, precisará sair do plano das boas intenções e tirar do papel o Acordo de Paris, se o mundo realmente quiser limitar o aumento da temperatura do planeta em até 2ºC em relação aos níveis pré-industriais.
Ambientalistas e entidades do setor ressaltam a importância simbólica e política para o mundo da COP21 na capital francesa, quando todos os 195 países-membros da Organização das Nações Unidas (ONU) aprovaram o acordo, depois de 20 anos de negociações desde a primeira conferência. O desafio agora é conseguir consenso sobre as regras.
O secretário executivo do Observatório do Clima, Carlos Hittl, ressaltou que uma questão relevante é garantir que as metas de redução de emissões, que são estabelecidas domesticamente, sejam reais e não números fictícios para venda de créditos.
“A COP de Paris foi o ponto de partida. A COP de Marrakesh tem por missão começar a implementar o Acordo de Paris, definir as regras e procedimentos, financiamentos, mecanismos de monitoramento e fiscalização efetivos, com transparência”. Em 2023 está previsto o primeiro balanço da aplicação das promessas. O pacto entrou em vigor na semana passada, depois de ter sido alcançado o quórum suficiente de países que ratificaram o acordo, entre eles o Brasil.
De acordo com o secretário de Mudanças Climáticas e Qualidade Ambiental do Ministério do Meio Ambiente, Everton Lucero, o principal objetivo do Brasil nesta conferência será atrair investimentos para setores alinhados com as metas de redução de carbono, como os de agricultura de baixo carbono, de reflorestamento e recuperação e de energias renováveis. “Vamos buscar parcerias e cooperação internacionais que apoiem nossa estratégia”, disse ele. “O mercado não vai resolver o problema, mas vai facilitar a implementação das metas”.