Com o temor da volatilidade típica de períodos eleitorais, as empresas brasileiras estão aumentando os prazos de suas operações de financiamento à exportação e diminuindo a procura por crédito de curto prazo (ACC e ACE). O volume de câmbio contratado para operações de pagamento antecipado (que incluem o pré-pagamento à exportação) foi recorde em 2013 – US$ 62,6 bilhões, com avanço de 55,3% na comparação com o ano anterior. Já o volume contratado para o adiantamento de contrato de câmbio, que tem prazo máximo de um ano, recuou 19,6%, para US$ 38,3 bilhões
O ano também começou forte para a modalidade de prazo mais longo, com US$ 6,3 bilhões contratados. “O ACC é uma operação de muito curto prazo. Em um momento de volatilidade, os exportadores têm preferido tomar o pagamento antecipado”, afirma Paulo Cesar Souza, executivo de global banking do HSBC.
O crescimento das linhas de pré-pagamento ocorreu após a retirada, no fim de 2012, das restrições de prazo calibradas pelo pagamento de IOF estabelecidas para deter o enorme fluxo de recursos externos no país. A farta liquidez entre os bancos hoje, diante do menor apetite das empresas por crédito, também contribui para o aumento de operações de prazo maior.
O pré-pagamento é comumente usado por exportadores para trazer os dólares captados no exterior (via bônus ou contratação de empréstimos). Ao fechar o pré-pagamento, o dinheiro entra no Brasil com isenção fiscal – sem IOF em contratos de até cinco anos – e também sem incidência de Imposto de Renda na saída do país para pagamento de juros.
A oscilação esperada para os próximos meses deve manter em alta as linhas mais longas. Mas a demanda por crédito em geral dependerá do desempenho das exportações, que por enquanto não reagiram. “O dólar valorizado ajuda a aumentar a rentabilidade para o exportador, mas a procura por financiamentos está mais ligada à demanda internacional por commodities”, diz Miguel Albero, superintendente de “trade financing” do Santander.