A Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio), que pertence ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, realiza nesta quinta-feira, em Brasília, a partir das 9 horas, a 180º Reunião Ordinária. Serão dezenas de temas em discussão, mas um deles vem mexendo com o setor florestal: a liberação comercial do eucalipto geneticamente modificado.
O eucalipto desenvolvido pela empresa FuturaGene Brasil Tecnologia Ltda, ligada a Suzano – uma das maiores produtores celulose e papel do país e do mundo – recebeu pedido de vistas do professor doutor Paulo Kageyama, da Universidade de São Paulo (USP) e integrante da CTNBio, que é uma instância colegiada multidisciplinar ligada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI). Sua finalidade é prestar apoio técnico-consultivo e assessoramento ao governo federal para formular, atualizar e implementar a Política Nacional de Biossegurança, em relação a OGMs, também conhecidos como transgênicos.
Em uma entrevista ao site do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Kageyama frisou que a medida é apressada e visa apenas interesses comerciais. O Brasil já tem a maior a produtividade de eucalipto do mundo, ultrapassando a barreira dos 40 metros cúbicos por hectare ao ano.
Na avaliação de Kageyama, o eucalipto geneticamente modificado pode destruir uma biodiversidade em função de uma única cultura, além de exigir uma quantidade de agrotóxicos maior ao ponto de extinguir espécies de insetos e anfíbios no habitat a ser utilizado. O H421 – ou eucalipto transgênico – diminui o tempo médio de colheita de sete para cinco anos e meio. Seu uso foi aprovado em uma reunião da CTNBio realizada em novembro do ano passado, mas o pedido de vistas Paulo Kageyama trouxe a polêmica de volta. Diretores de grandes empresas que utilizam o eucalipto como matéria prima para fabricação de uma série de produtos só devem se pronunciar após uma decisão definitiva da CTNBio.