Apesar da manutenção do déficit, a diferença entre importações e exportações do estado diminuiu 75,9% em relação aos três primeiros meses do ano passado. Grande parte deste resultado se deve à boa performance na produção de grãos e na retomada da exportação de veículos.
2013 – Em 2013, o déficit da balança paranaense entre janeiro e março foi de US$ 987 milhões. No mesmo período deste ano, caiu para US$ 237 milhões. Para alcançar esse resultado, as importações caíram 10,9%, de US$ 4,4 bilhões no ano passado para US$ 3,9 bilhões nos primeiros meses deste ano, e as exportações cresceram 7,7%, saltando dos US$ 3,4 bilhões no mesmo período em 2013 para US$ 3,7 bilhões em 2014.
Contramão – O resultado vai na contramão do saldo nacional, que se manteve com déficit crescente. A diferença entre importações e exportações no país aumentou 17% no primeiro trimestre, de US$ 5,1 bilhões em 2013 para US$ 6 bilhões neste ano.
Força do campo – A soja foi o grande propulsor da melhora do cenário. Os embarques da oleaginosa produzida no estado cresceram 83%. O produto, que já era líder na pauta de exportações do estado, com participação de 15% no total que o Paraná vende para outros países, aumentou sua fatia entre os itens exportados. Nos primeiros meses deste ano, a soja representou um quarto de tudo que saiu do estado para o exterior.
Redução dos estoques nos EUA – Para o professor de Economia Internacional da Universidade Estadual de Londrina, Rodrigo Zalessi, a redução dos estoques norte-americanos de grãos ao longo dos últimos meses foi fundamental para que o estado colhesse bons resultados. “Este ano, devemos fechar com recorde de embarques de soja.”
Frango e óleo- A carne de frango e o óleo de soja também lideraram a lista de produtos exportados. “Tradicionalmente, o agronegócio lidera os resultados da balança comercial do estado. A diferença é que neste ano não tivemos nenhum grande problema climático e nem quebra de safra que prejudicasse as contas”, explica o economista do Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes), Francisco Castro.
Importações – Entre as importações, o fator mais impactante para a queda foi o menor volume de petróleo comprado pelo estado. Ano passado foram gastos US$ 443 milhões na compra do produto e neste ano o valor caiu 37%, para US$ 278 milhões. “No ano passado a importação foi recorde, especialmente para o Paraná. Neste ano, a importação brasileira continua bastante forte, mas a base de comparação paranaense é muito alta, o que resulta em uma queda em relação a 2013. Mesmo assim, os patamares são elevados”, afirma o especialista em petróleos e derivados da Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Marcos Chimeda. Mesmo com a queda, o produto se mantém no topo da lista de importações, representando 7% de todos os produtos que são embarcados para o estado.
Exportação de veículos leves aumenta 65% – A venda de automóveis para o exterior também foi fundamental para a diminuição do déficit na balança comercial do estado. Mesmo com a queda nas exportações das unidades paranaenses da Volvo e da Volkswagen, a retomada de produção da fábrica da Renault segurou o crescimento de 65% nos embarques de carros. De janeiro a março do ano passado, o Paraná exportou o equivalente a US$ 92 milhões. No mesmo período de 2014, o estado recebeu US$ 152 milhões.
Diferença – A diferença se deu, fundamentalmente porque a montadora francesa esteve parada nos dois primeiros meses de 2013 para uma reforma completa nas suas linhas, o que derrubou o valor das exportações de veículos paranaenses no ano passado. No caso específico da Renault – segunda empresa do estado que mais exportou, somente atrás da BRF –, o crescimento em relação ao ano passado foi de 90%.
Milho – O Paraná registrou uma forte queda nas exportações de milho no primeiro trimestre deste ano. O grão, que era o segundo na lista de itens que saiam do estado para outros países no início de 2013, teve queda de 65% nas vendas ao exterior em 2014 e agora é apenas o sétimo produto mais embarcado no Paraná.
Mesmo em crise, Argentina importa mais produtos paranaenses – Ao contrário do que se temia no começo do ano, a crise argentina não puxou para baixo o resultado da balança comercial paranaense. Mesmo em uma situação econômica complicada, o país vizinho aumentou o volume de produtos importados do estado. Na comparação dos primeiros trimestres de 2014 e 2013, as embarcações para os “hermanos” aumentaram 29%. Neste ano, foram enviados US$ 405 milhões em itens produzidos no Paraná, frente a US$ 313 milhões no ano passado. As importações paranaenses de produtos argentinos também diminuíram perto de 30%.
Surpresa agradável – Segundo o presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro, o resultado foi uma surpresa agradável. “A impressão que se tem é que a crise está aqui no Brasil, e não do outro lado”, brinca.
Recuperação – O temor era de que a crise econômica e cambial argentina fosse mais severa para as negociações internacionais do país. Em janeiro, inclusive, a queda nas vendas brasileiras para o país foi o grande motivo para que o Paraná fechasse a conta da balança em déficit. O setor automotivo tem sido um dos mais afetados.
Alívio – No entanto, nos dois meses seguintes o resultado terminou positivo, o que aliviou os resultados do estado. “Os empresários aprenderam a lidar melhor com o mercado argentino. Os últimos anos foram bem complicados e ensinaram os paranaenses”, diz o professor de Economia Internacional da UEL, Rodrigo Zalessi.