Em carta lida nesta terça-feira (2) em evento do banco de investimentos JPMorgan, a presidente Dilma Rousseff mandou ao mercado financeiro o recado de que o foco do seu segundo mandato será retomar o crescimento com “controle rigoroso da inflação e fortalecimento das contas públicas”.
Em sua mensagem aos participantes do encontro organizado pelo banco americano, Dilma disse que sua nova equipe econômica vai trabalhar para “estabilizar e depois reduzir a dívida bruta do setor público em relação ao PIB (Produto Interno Bruto)”.
A carta da presidente confirma o anunciado pelo seu novo ministro da Fazenda, Joaquim Levy, de que o governo passará a perseguir a redução da dívida pública bruta, que cresceu nos últimos anos, em vez da líquida, que caiu com a ajuda de manobras contábeis.
No texto encaminhado à direção do banco, lido pelo presidente do BNDES, Luciano Coutinho, Dilma diz que sua “nova equipe econômica trabalhará em medidas de elevação gradual, mas estrutural, do resultado primário da União” para buscar a estabilização e a redução da dívida pública bruta.
Ao ser oficializado ministro, na semana passada, Levy anunciou que o governo terá como meta um superavit primário (receitas menos despesas) de 1,2% do PIB em 2015 e de 2% nos dois anos seguintes, 2016 e 2017.
A mensagem da presidente, de duas páginas, anota que as primeiras medidas do segundo mandato envolvem “reformas do lado fiscal para adequar a taxa de crescimento do gasto público ao crescimento da economia”, sinalizando que o governo vai limitar a alta das despesas federais ao ritmo do PIB.
A presidente chegou a confirmar presença no evento, mas desmarcou sob a justificativa de que precisava ficar em Brasília para negociar a aprovação da manobra fiscal que permitirá descumprir a meta de superavit primário deste ano, de 1,9% do PIB.
A nota da presidente indica também que o governo quer aumentar a participação de fontes privadas no financiamento de longo prazo, em especial da infraestrutura, diante da decisão de reduzir o repasse de recursos do Tesouro para o BNDES.
Na carta, Dilma reconhece que o crescimento da economia brasileira “tem estado abaixo do que todos nós esperávamos no início do ano”, o que traduziu-se, segundo ela, num “desempenho fiscal menor do que o previsto”, e diz que manterá o objetivo de continuar com sua “política de inclusão social”.