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Meio Ambiente

Emissões de CO2 dos EUA voltam ao nível de 1994

EUA são hoje o segundo maior emissor de CO2 do mundo, atrás da China. Mas o país foi por décadas o maior emissor.

Emissões de CO2 dos EUA voltam ao nível de 1994

As emissões de dióxido de carbono decorrentes do consumo de energia nos EUA caíram mais uma vez em 2012, atingindo em 5,3 bilhões de toneladas, o menor nível desde 1994. Bastante expressiva, essa trajetória de queda resulta de fatores como o crescimento baixo da economia, o aumento dos preços dos combustíveis e a troca do carvão por gás natural na produção de eletricidade, em função dos custos menores. É uma notícia positiva, mas que precisa ser relativizada, segundo dizem analistas.

O primeiro ponto é que uma parcela expressiva da redução se deveu ao ritmo mais fraco de expansão do Produto Interno Bruto (PIB) depois da crise que começou em 2007 e se agravou em 2008.

Já os ambientalistas observam que, na extração do gás de xisto por meio do processo de fratura hidráulica das rochas, há a questão do vazamento de metano, muito mais potente do que o CO2 em termos de efeito estufa. Além disso, há o risco de contaminação de fontes subterrâneas de água potável. Nos últimos anos, a revolução na exploração do gás de xisto nos EUA barateou tremendamente o gás natural.

O crescimento econômico mais fraco tem um peso decisivo para explicar a redução das emissões de CO2. Divulgado no mês passado, o relatório anual do Conselho de Consultores Econômicos do presidente Barack Obama estima que 52% da queda na liberação de dióxido de carbono ocorrida entre 2005 e 2012 se deveu à expansão abaixo do ritmo potencial da economia americana.

O processo de mudança para fontes de energia mais limpa, como gás natural e combustíveis renováveis, respondeu por 40%. Os 8% restantes decorreram de ganhos de eficiência energética. Os EUA são hoje o segundo maior emissor de CO2 do mundo, atrás da China. Mas o país foi por décadas o maior emissor.

Professor da Universidade da Califórnia, em San Diego, James Hamilton destaca a redução do consumo de petróleo nos últimos anos. Para ele, o crescimento econômico baixo é de fato importante nesse processo, mas o aumento dos preços dos combustíveis também ajuda a explicá-lo.

Hamilton lembra que muitos economistas defendem a introdução de um imposto sobre emissões de carbono como modo mais eficiente para reduzi-las. Segundo ele, as estimativas mais elevadas apontam para algo como US$ 100 por tonelada de CO2, o que significa cerca de US$ 1 por galão de gasolina (o equivalente a 3,78 litros).

A questão é que os preços do combustível subiram muito nos últimos anos, mesmo sem o governo ter implementado a taxação. No fim de março de 2003, por exemplo, o galão de gasolina custava, no varejo americano, pouco menos de US$ 1,60. Hoje, está na casa de US$ 3,60, segundo números da Administração de Informação de Energia (EIA, na sigla em inglês), um órgão do governo. Em 10 anos, houve uma alta na casa de US$ 2 por litro, observa Hamilton. É o dobro das estimativas mais salgadas para o imposto sobre emissões de carbono. Com a alta dos preços, diz ele, há o incentivo para que parte dos americanos compre carros menores, que consomem menos combustível, por exemplo.

O diretor do Carnegie Mellon Electricity Industry Center, Jay Apt, afirma que a fraca recuperação econômica interrompeu o crescimento histórico do consumo de energia elétrica nos EUA. “Houve um declínio do pico de 2006, e pode ser que apenas em 2015 ou depois o país volte a usar o mesmo volume de eletricidade.”

Hamilton ressalta também a importância do aumento da produção de gás natural nos EUA, o que tornou o produto uma opção mais barata para a geração de energia elétrica.

“Gerar eletricidade usando gás natural emite cerca de metade do dióxido de carbono do que com o carvão”, observa ele.

Desde o pico atingido em 2005, a emissão de CO2 do consumo de carvão caiu 23,7%. Para Hamilton, essa troca é vantajosa, ainda que haja preocupações sobre o impacto ambiental do processo de extração do gás de xisto. “Nós devemos monitorar com cuidado a questão das emissões de metano e da contaminação da água, mas acredito que é possível lidar com isso.”

Apt observa que as “emissões fugitivas” de metano de poços de gás natural e do transporte (tanto no gás convencional quanto no de xisto) ainda são uma área de pesquisa em andamento. “Mas nós podemos certamente dizer que há menos incentivos para controlá-las quando os preços do gás estão mais baixos do que há alguns anos.”