Para que o metano presente nos lixões e aterros desativados não gere riscos, como está ocorrendo no Shopping Center Norte, em SP, é preciso que o terreno possua um sistema de captação de gás. Esse gás pode ter dois fins: a queima simples, que gera créditos de carbono, e a produção de energia por meio de motores a combustão.
Levantamento realizado pela consultoria Andrade & Canellas revela que o Brasil deixa de produzir entre 3.050 e 3.660 GW/hora de energia todos os anos com base no biogás gerado pela decomposição do lixo urbano. Segundo estimativas da Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe), em 2010 as cidades foram responsáveis pelo descarte de 61 milhões de toneladas de resíduos em lixões e aterros sanitários em todo o País.
A energia gerada com base nesse montante seria suficiente para abastecer até 18,3 milhões de casas, considerando o consumo médio residencial de 200 kW/h por mês. Quando aproveitada adequadamente, cada tonelada de resíduo pode gerar entre 50 e 60 kW/hora de energia elétrica.
“Os empreendedores optam pela queima pura e simples, em vez de escolherem a geração de energia, porque o investimento inicial é pesado”, diz a gerente do núcleo de energia térmica e fontes alternativas da Andrade & Canellas, Monica Rodrigues de Souza.
“Se fôssemos comparar a energia obtida por meio de queima de biogás com a gerada com base no vento, do gás natural ou da biomassa, a energia do lixo não seria competitiva. Mas a energia do biogás tem desconto na tarifa de transmissão, o que pode compensar sua desvantagem no mercado livre (venda direta)”, explica Monica.