O Brasil encontra-se na 5ª posição no ranking mundial na utilização de energia solar térmica, de acordo com o relatório da IEA – International Energy Agency – 2014, com capacidade instalada de 5.783 MWth e produção de energia anual de 5.785 GWhth, energia proveniente dos 8,4 milhões de m² de área de coletores solares térmicos instalados até o ano de 2012, de acordo com o citado relatório.
A Abrava – Associação Brasileira de Refrigeração, Ar Condicionado, Ventilação e Aquecimento, que representa o setor de energia solar térmica em todo o território nacional, chama a atenção para os benefícios do uso desta fonte de energia, limpa e renovável, frente aos desafios energéticos que passa o país, pois apresenta múltiplas formas de contribuição na geração de água quente (energia) para residências, comércios, hospitais, clubes e indústrias, que apresenta versatilidade em diversos tipos de aplicações, deslocando consumo de energia elétrica no horário de pico.
Para Marcelo Mesquita, Secretário Executivo do Departamento Nacional de Aquecimento Solar – Dasol da Abrava, o Brasil pode e deve explorar muito mais e de maneira inteligente essa energia, que apresenta o menor custo dentre vários energéticos disponíveis e tem a vantagem de ser uma geração instalada no ponto de utilização, ou seja, 100% distribuída e que não depende de conexão com a rede pública de eletricidade, como é o caso da energia solar fotovoltaica.
De acordo com estudos recentemente publicados pela Abrava, a partir de dados desse mercado do ano de 2013 e de informações do BEN – Balanço Energético Nacional, a energia solar térmica já representa 1,03% da matriz elétrica brasileira, pouco atrás da energia eólica com 1,09% (gerada pela produção dos ventos), e bem à frente da fotovoltaica (energia solar para a geração de eletricidade) com 0,01%.
O parque solar térmico existente no Brasil, em 2013 com 6.363 GWh, já supera a energia gerada pela usina nuclear de Angra 1 (5.395,5 GWh). A capacidade instalada é de 1.397 MW, que equivale a potência de 2 turbinas de Itaipu (2x700MW), sendo que essa energia elétrica equivalente é suficiente para abastecer uma cidade inteira como Curitiba, que possui população de 1,8 milhões de habitantes e atividade econômica que a faz ter o 4o. maior PIB – Produto Interno Bruto do Brasil
Aquecimento Solar é energia
Nos últimos anos a matriz energética brasileira tem sofrido alterações e perdendo sua característica renovável. Esse cenário se intensificará ainda mais, pois a crescente demanda por energia se depara com a escassez de chuvas e especulações no que se refere às garantias do abastecimento, que passam a contar com o funcionamento contínuo das usinas térmicas, e que acarretam a elevação contínua e expressiva dos preços da eletricidade e o consequente aumento da poluição devido às emissões de gases que ampliam o efeito estufa e agridem a camada de ozônio.
Nesse contexto, se destaca a contribuição dos Sistemas de Aquecimento Solar (SAS), que pode substituir fontes energéticas tradicionais, como a eletricidade e o gás, pela energia solar térmica (aquecimento de água) em diversos segmentos da economia, tais como: hotéis, hospitais, residências, habitações de interesse social, clubes, piscinas e academias e, até mesmo, em processos industriais, que apresentam enorme potencial. Em todos esses setores são amplos os benefícios, não apenas nos aspectos energético e ambiental, como também social e econômico.
Para Luís Augusto Ferrari Mazzon, presidente do DASOL, o uso da energia solar térmica traduz também em expressiva economia de energia para os cidadãos e para o país e traz, ainda, redução da demanda de energia elétrica no horário de pico do sistema elétrico, minimizando o risco de apagões. Desta forma, os sistemas de aquecimento solar colaboram de forma efetiva com o setor energético e na diversificação de sua matriz de geração, com energia advinda de fonte totalmente limpa, gratuita e obtida por equipamentos etiquetados e aprovados pelo Inmetro, produzidos por indústrias eminentemente nacionais, que geram mais de 40 mil empregos aqui no Brasil.
Ainda de acordo com o citado relatório da Agência Internacional de Energia, no ano de 2012 o Brasil ampliou a capacidade instalada da tecnologia de aquecimento solar de água em 806 MWth, superando a Alemanha (805) e Estados Unidos (699), nesse mesmo período.
No contexto da matriz energética brasileira, um destaque importante é que o valor da energia produzida pelo aquecedor solar para o consumidor final é apenas cerca de 1/3 do custo da eletricidade, ou seja, algo próximo a R$ 120,00 por MWh.
De acordo com os dados mais recentes do DASOL, o Brasil fechou o ano de 2013 com 9,8 milhões de m² de área de coletores instalados de Sistemas de Aquecimento Solar – SAS, com geração de 6.830 GWh/ano, equivalente ao consumo anual de uma cidade como Curitiba, com cerca de 2 milhões de habitantes.
Os benefícios da utilização em Habitações de Interesse Social
Só com o uso do aquecedor solar é possível economizar cerca de 35% no valor da conta de energia. O uso do chuveiro elétrico representa 25% da conta de energia e no inverno pode aumentar mais 30%.
Para o Dasol, um ponto de partida na contribuição do setor ao país, é o governo estender a instalação compulsória de aquecedores solares para todas as residências do Programa Minha Casa Minha Vida, um total de 3 milhões de habitações e geração de 4.645 GWh/ano, superior ao consumo distribuído pela Concessionária do Estado do Rio Grande do Norte em 2013 (Cosern – 4.418 GWh), mas hoje, o uso do equipamento é restrito somente a casas da “faixa 1” do Programa, e deve atingir apenas 263 mil residências.
Para a entidade, algumas medidas tomadas por parte do governo seriam assertivas, como por exemplo, a adoção de um programa motivacional e de incentivo com desconto no valor da aquisição de aquecedores solares de água que viabilizaria muitos benefícios à sociedade brasileira, como:
a. Redução do consumo de energia elétrica, principalmente em substituição ao consumo do chuveiro elétrico. Em média, para uma instalação residencial, pesquisas demonstram economias mensais superiores a 30%;
b. Redução do pico de demanda de eletricidade ao substituir/reduzir o uso do chuveiro elétrico, concentrado no horário entre 17 e 22 horas, sem privação do conforto
c. Economia financeira para as famílias no valor da conta de energia promovendo a transferência interna dos recursos domésticos para alimentação, educação e moradia, ou seja, aumento da renda líquida para as famílias de menor poder aquisitivo;
d. Maior adimplência por parte dos mutuários nos pagamentos de parcelas dos financiamentos dos programas habitacionais e condomínios nas unidades multifamiliares;
e. Geração de empregos distribuída por toda a cadeia de valor do setor.
Mudança de paradigma no cálculo de energia solar térmica
De forma a facilitar o entendimento dos consumidores e profissionais de mercado, assim como ampliar o reconhecimento pelos órgãos de governo da aplicação dessa importante fonte de energia para o Brasil, desde agosto de 2014, o setor de aquecimento solar adota uma nova forma de apresentação da produção de energia solar térmica de seus equipamentos, antes expressa apenas em m², mas que agora é apresentada também pela sua contribuição energética em kWh/mês.m², sendo uma forma simples e já de conhecimento das pessoas e que está indicado nas etiquetas do Inmetro para o produto, ou seja, a Produção Mensal de Energia (PME) do coletor solar. Se multiplicada por 12 (meses do ano) e pela quantidade de m² de coletores instalados na edificação, resultará na Produção Anual Padronizada de Energia (PAPE), resultado da produção de energia solar medida em kWh/ano.
Do ponto de vista ambiental
No que se refere à preservação do meio ambiente, o uso de aquecedores solares apresenta vantagens, funcionando a partir de uma fonte natural o SOL, é ecológica, gratuita, de aplicação descentralizada, que não agride o meio ambiente, é inesgotável, entre outras.
Com o uso de 1 m² de coletor solar por ano, pode-se:
1. Deixar de inundar cerca de 56m² para geração de energia elétrica
2. Eliminar o consumo de 215kg de lenha
3. Poupar 67m³ de gás natural
4. Economizar 55kg de GLP
5. Poupar 73 litros de gasolina
6. Deixar de consumir 223 m³ de gás natural para termoelétricas
7. Deixar de consumir 227 litros de diesel para termoelétricas
8. Poupar 66 litros de diesel