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Energia

Energisa assume controle do Grupo Rede

Ricardo Botelho, presidente da Energisa, afirma que restam agora apenas algumas condições precedentes no plano de recuperação judicial do Grupo Rede.

Energisa assume controle do Grupo Rede

Com a aprovação pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) da transferência do controle das oito distribuidoras do Grupo Rede, do empresário paulista Jorge Queiroz para a Energisa, foi encerrada ontem a última etapa formal para a conclusão do negócio. A Energisa ampliará, de cinco para 13, o número de concessionárias e se tornará o quinto maior grupo de distribuição do país (atrás apenas de Neoenegia, CPFL, Cemig e AES Eletropaulo), com cerca de 6 milhões de clientes e uma fatia de 8% do mercado. A previsão é que a receita anual líquida quase triplique, passando de R$ 2,9 bilhões para aproximadamente R$ 8 bilhões.

Segundo o diretor-presidente da Energisa, Ricardo Botelho, resta agora apenas algumas condições precedentes no plano de recuperação judicial do Grupo Rede, aprovado por credores e homologado pela Justiça de São Paulo. Entre as questões estão a aprovação do negócio pela BNDESPar, que possui participação acionária nas distribuidoras do Grupo Rede. A expectativa do executivo é que todas as questões sejam resolvidas até 15 de abril, prazo dado pela Aneel para que a Energisa assuma a operação das distribuidoras, que estão em intervenção desde agosto de 2012.

“Do ponto de vista formal, já temos as autorizações. Não acredito que [as condições precedentes] vão representar maiores embaraços e esperamos tê-las resolvidas em breve. Essa não é uma transação convencional. Ela envolve a cessão de créditos de uma empresa que está em recuperação judicial e uma intervenção federal sob oito distribuidoras” afirmou Botelho ao Valor PRO, serviço de informações em tempo real do Valor.

Em paralelo às ações para a conclusão da operação, os executivos da Energisa já estão realizando reuniões com os interventores das distribuidoras. O objetivo, explica Botelho, é realizar a transição de forma segura.

As primeiras medidas no comando das distribuidoras do Rede será adaptar a administração das empresas para o modelo de gestão da Energisa e iniciar o pagamento de pendências financeiras das concessionárias. O plano de recuperação das empresas aprovado pela Aneel prevê um aporte mandatório de capital de R$ 1,2 bilhão nas empresas.

Os recursos serão destinados principalmente ao pagamento de empréstimos mútuos criados entre as distribuidoras e a holding. Outra parte será utilizada para o pagamento de compra de energia feita no passado, que está atrasado, e para o pagamento de débitos de encargos setoriais.

Além disso, a Energisa prevê investir cerca de R$ 3,3 bilhões nas oito distribuidoras do Rede até 2017. O objetivo é melhorar a qualidade do serviço. O valor equivale a 35% a mais do que foi investido nas empresas entre 2009 e 2011. “Temos que modernizar a infraestrutura como um todo. Existe uma carência de anos”, disse o executivo.

A Energisa também tem o compromisso de desembolsar R$ 1,95 bilhão aos credores do Grupo Rede, no âmbito do plano de recuperação judicial, homologado pela Justiça de São Paulo.

O diretor-presidente da Energisa explicou que, para fazer frente ao aporte imediato necessário e pagar parte dos credores, a companhia já tem aprovada uma linha de crédito de R$ 2 bilhões com um grupo de bancos. A empresa também pretende fazer um “reperfilamento” da dívida remanescente das distribuidoras. Segundo Botelho, de forma geral, a dívida das concessionárias é elevada e de prazo curto.

Durante a reunião de ontem que aprovou a troca do controle das distribuidoras do Rede, o relator do processo, o diretor da Aneel José Jurhosa Junior, informou que foi atestado que a Energisa tem “fonte de liquidez” suficiente para assumir o comando das concessionárias, mesmo com os desafios operacional e financeiro, e até enfrentar eventual cenário desfavorável no setor.

O diretor-geral da Aneel, Romeu Rufino comentou que algumas das distribuidoras do Grupo Rede estão em situação crítica e levarão um período longo para se recuperar. “No Mato Grosso, por exemplo, a Cemat talvez seja a que tenha um grande desafio junto com a Celtins [no Tocantins]. As situações delas são mais complexas, tanto pela questão econômico-financeira como pelo mercado que atendem, com necessidade de investimento e o tamanho da concessão que têm. Já a Enersul está numa situação bastante confortável, certamente está muito mais próxima desse ponto de equilíbrio”, afirmou.

A Energisa atua hoje em quatro Estados através de cinco empresas: Energisa Paraíba e Energisa Borborema (PB); Energisa Minas Gerais (MG); Energisa Sergipe (SE); e Energisa Nova Friburgo (RJ). Com a operação, o grupo entrará em cinco Estados através da Cemat (MT); Enersul (MS); Celtins (TO); Caiuá, Bragantina, Nacional e Vale Paranapanema (SP); e Força e Luz do Oeste (PR).