Enquanto aguarda a aprovação pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e o desfecho judicial para aquisição do grupo Rede, a Energisa está em negociações avançadas com um grupo de bancos para dar o suporte necessário para a operação. O comitê de crédito das instituições financeiras, cujos nomes não foram informados, já deu aval para o financiamento. O que está sendo discutido agora são os trâmites e a forma da operação.
“Já temos as linhas de crédito discutidas com um grupo de bancos para dar esse suporte para a aquisição do Rede. Teremos o recurso para a aquisição e para fazer o aporte no plano da Aneel”, disse o diretor Financeiro e de Relações com Investidores da Energisa, Maurício Botelho, ao Valor PRO.
O plano de recuperação do grupo Rede, apresentado pela Energisa, prevê o pagamento de R$ 1,9 bilhão a credores e o investimento de R$ 1,1 bilhão nas oito distribuidoras. Segundo Botelho, o plano prevê algum aumento de capital nas distribuidoras.
Pelo plano aprovado na 2ª Vara de Falências de São Paulo, os credores terão até 19 de novembro para decidir por uma das opções propostas. As três alternativas são receber o pagamento da dívida de imediato, porém com um corte severo desse valor; não receber o pagamento agora, porém com uma taxa de juros baixa; e não receber o pagamento agora e fazer um novo aporte.
Segundo Botelho, há alguns agravos e embargos apresentados à Justiça contra a homologação do plano de recuperação do Rede. Ele, no entanto, disse que todos os pedidos de liminar feitos em primeira instância para interromper o processo foram julgados improcedentes. “O juiz está entendendo a necessidade de tocar a recuperação judicial a um termo final”, disse.
Com relação à avaliação pela Aneel do plano de recuperação e correção de falhas e transgressões das distribuidoras, o diretor da Energisa disse acreditar que o documento seja aprovado ainda este ano. Na semana passada, o diretor recém-empossado José Jurhosa Junior foi sorteado para ser o relator do processo.
Na última sexta-feira (8), a companhia reportou lucro líquido de R$ 81,6 milhões no terceiro trimestre de 2013. O valor foi 197,8% superior em relação a igual período do ano anterior. Na mesma comparação, a receita operacional líquida cresceu 0,4%, totalizando R$ 688,3 milhões e o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações) ajustado avançou 15,4%, para R$ 163 milhões.
De acordo com Botelho, o resultado foi impulsionado pelo aumento das vendas de energia (9%) e por um crescimento menor das despesas controladas da companhia (5,5%). “Estamos crescendo a margem mais do que a despesa controlada”, afirmou.
A Energisa fechou setembro com um caixa de R$ 767 milhões, valor inferior aos R$ 923 milhões registrados no início do ano. Segundo Botelho, a queda reflete o aumento dos investimentos feitos neste ano. Nos nove primeiros meses de 2013, a companhia investiu R$ 565 milhões, contra R$ 322,8 milhões em igual período do ano passado. A maior parte dos investimentos deste ano foi na área de geração, principalmente na construção de eólicas no Rio Grande do Norte.